Papo de Carreiras: Entrevista com Emiliane Alencastro

COMPARTILHAR
Tempo estimado de leitura: 7 minutos

Veio aí mais uma edição do Papo de Carreiras! Dessa vez a analista Alinne Ovelar teve o privilégio de conversar com a Emiliane Alencastro, Mestre em Direito, com expertise em valuation e métricas de valor, para saber mais sobre ESG.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Emiliane é fundadora do escritório Alencastro Advocacia, que atua no desenvolvimento programas de governança para empresas de inovação. Mestre em Direito (PPGD/UFPE), com expertise em valuation e métricas de valor (USP). Professora de Direito Digital (SOPECE). Parecerista e Consultora

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

1. Qual sua história profissional com o ESG?
A minha atuação profissional com ESG começou a partir da demanda dos clientes do meu escritório. No primeiro caso que apareceu, o cliente queria que eu desenvolvesse um programa de governança que melhorasse a comunicação entre o setor jurídico e a equipe de TI da empresa, aperfeiçoando a transparência e garantindo a equidade nos dois setores. Essa demanda me alertou para a necessidade do mercado de programas ESG também nos outros elementos do tripé (meio ambiente e social). Poucos meses depois, essa atividade passou a ter um espaço importante no operacional do meu escritório, consubstanciando cerca de 60% de nossas atividades. Nosso diferencial, é que desenvolvemos programas com funcionários estratégicos e utilizando as ferramentas que já são utilizadas na empresa, a fim de evitar novos gastos com tecnologia e infraestrutura. Recentemente, lancei um produto escalável que auxilia startups early stage e seed a desenvolverem práticas de ESG. O produto teve um bom número de vendas e está virando uma empresa nos próximos meses.

2. Por que o ESG é importante?
O ESG é importante porque viabiliza que as organizações sejam responsáveis no desenvolvimento de suas atividades, equilibrando os interesses das corporações com os da sociedade como um todo. Impõe que incorporem práticas sustentáveis, responsáveis e éticas, considerando o impacto social e ambiental das organizações em suas comunidades e priorizando a qualidade da governança interna. Organizações que adotam essas práticas desfrutam de um melhor relacionamento com clientes, funcionários, sócios e investidores e, por conseguinte, possuem um melhor desempenho financeiro a longo prazo, através da redução de custos, melhora no desempenho e fidelização de uma maior quantidade de clientes.

3. Como ele funciona na prática?
ESG é um conjunto de práticas que as organizações adotam para gerenciar os impactos ambientais, sociais e econômicos associados às atividades, a partir da identificação e análise de possíveis riscos (abordagem baseada no risco). Com isso, quer-se dizer que uma organização adepta ao ESG deseja atuar de maneira sustentável, minorando os impactos ambientais de suas atividades e criando ações para proteger e preservar o meio ambiente (através de sua atividade principal ou não); promover ações sociais que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da comunidade (através do desenvolvimento de projetos de educação, por exemplo, para seus funcionários e/ou a comunidade local); desenvolver boas práticas de governança com transparência, equidade, diversidade e responsabilidade. Essas práticas são estabelecidas através de programas e metas, que devem apontar quais os indicadores de resultado adotado. Em paralelo, é necessário que a essas práticas seja dada a devida publicidade, prestando-se contas das atividades realizadas, inclusive dos erros praticados.

4. Como medir resultados ESG?
É possível medir os resultados ESG a partir de diversos indicadores de sustentabilidade e de critérios de desempenho, tais como: métricas internas (a organização pode desenvolver suas próprias métricas); opinião dos stakeholders (pesquisar a opinião de pessoas (impactadas pelas atividades) sobre o desempenho de determinada prática); avaliação de especialistas (é possível contratar a avaliação de especialistas independentes, a fim de que deem um parecer independente a respeito); publicação de informativos (é possível que as organizações publiquem informativos sobre suas iniciativas e êxitos e que essas publicações consubstanciem o parâmetro de adequação);  índices globais de sustentabilidade (é possível que, na elaboração do programa da empresa, sejam considerados os padrões utilizados por órgãos e empresas internacionais que são apontados como parâmetro de boas práticas, como a Global Reporting Initiative (GRI), Dow Jones Sustainability Index (DJSI), Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e Principles for Responsible Investment (PRI). Aqui, é importante mencionar que, embora existam mecanismos e iniciativas disponíveis, como não há métricas universais verificadas, o ideal é sempre considerar a realidade da empresa (inclusive seu porte, localização e extensão da atuação, peculiaridades do segmento, dentre outros fatores relevantes), conhecer as boas práticas do segmento e as respectivas ações ideais, para só em seguida definir as métricas adequadas.

5. Quais desafios você acha que o desenvolvimento do ESG no Brasil ainda pode enfrentar?
Acredito que o maior desafio é a falta de conscientização das organizações. Ainda há pouca compreensão (especialmente da alta administração das empresas) sobre os benefícios do ESG para o mundo e para a própria organização, inclusive sob uma perspectiva financeira. As organizações ainda não perceberam que, além de elementar para as complexas questões ambientais, sociais e de gestão, o ESG também é um investimento financeiro. Ainda é possível apontar outros desafios. A própria ausência de métricas universais para medir o desempenho dos programas é um grande obstáculo. De igual modo, a dificuldade de acesso a informações confiáveis também é um desafio relevante. Em um ambiente em que as empresas não são coagidas a divulgar informações (verdadeiras) sobre os aspectos ambientais sociais e de governança, fazer isso com inteira honestidade ainda pode ser uma prática negativa para a competitividade.

6. Como um profissional dessa área pode se preparar para atuar no segmento de forma a atender as demandas e as possíveis atualizações no mercado?
O melhor caminho sempre é o conhecimento. Eu busquei informação sobre conceitos elementares e boas práticas e, depois que eu tinha compreensão básica sobre o tema, fiz alguns cursos de extensão e passei a consumir as notícias diárias sobre o tema. Estar disposto a se atualizar constantemente, através de novos cursos e de informativos, é elementar para um segmento que está em constante mudança. Em paralelo, será um grande diferencial desenvolver a habilidade de analisar dados e ser capaz de extrair informações quantitativas e qualitativas para a tomada de decisão.

7. Quais suas referências de profissionais e empresas na área?
Eu acompanho bem de perto algumas empresas, como a Patagonia Inc., e os profissionais associados às atividades ESG dessas organizações. Também dou muita importância ao que pequenas e médias empresas desenvolvem, especialmente por saber que geralmente fazem isso com poucos recursos financeiros e de infraestrutura. Recentemente, conheci uma startup (Viverde Casa), criada com o intuito de tornar a arquitetura e a construção sustentável acessíveis, através da capacitação de profissionais e da mediação de mão de obra, construções e melhorias habitacionais. Cases como esse têm o poder de movimentar profissionais de outras áreas, como eu, a desenvolver soluções eficientes (o máximo com o mínimo).

Gostou da entrevista? Você pode acompanhar a Emiliane no Linkedin:

E pode acompanhar o projeto Inovação + Carreiras via Instagram:

CADASTRE-SE PARA RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE NOSSOS CURSOS

Informe o seu nome completo
Informe um número de celular válido
Li e concordo com a política de privacidade, bem como com o tratamento dos meus dados para fins de prospecção de serviços educacionais prestados pelo IBMEC e demais instituições de ensino do mesmo Grupo Econômico
Preencha todos os campos obrigatórios