Disputas em curso: como a taxa Selic influencia na economia?

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Tempo estimado de leitura: 6 minutos

Para fazer uma avaliação sobre como a taxa Selic influencia na economia é preciso, primeiramente, saber do que se trata. Em seguida, compreender os atravessamentos que influenciam diretamente o seu índice. Recentemente, com a nova gestão executiva e legislativa pós eleição, muito tem sido discutido sobre políticas econômicas. O arcabouço fiscal, que já foi tema aqui em nosso blog, e agora a taxa Selic, irá te ajudar a compreender as nuances desse debate. Consequentemente as implicações para o cenário econômico do Brasil e também no seu bolso. E mais um vez quem nos ajuda nesta missão é o economista e diretor diretor do Ibmec, Reginaldo Nogueira.

Primeiro passo: entender o que é taxa Selic

A taxa Selic é um termo que frequentemente aparece nas notícias e discussões econômicas no Brasil. Ela é essencial porque trata-se da taxa básica de juros da economia. Ela é estabelecida pelo Banco Central para balizar as demais taxas de juros praticadas no mercado. A taxa Selic desempenha um papel fundamental no controle da inflação e no direcionamento da política monetária do país.  

Seu índice desempenha um papel crucial na condução da política monetária, sendo utilizada como instrumento para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Quando o Banco Central deseja conter a inflação, ele aumenta a taxa Selic, tornando os empréstimos mais caros e incentivando a redução do consumo. Por outro lado, quando busca-se estimular a economia, reduz-se a taxa Selic, tornando os empréstimos mais acessíveis. Com empréstimos mais acessíveis, estimula-se os investimentos e o consumo. É uma cadeia de influências em todos os setores da sociedade.  

No dia a dia do cidadão a interferência acontece de diversas formas. Uma das principais é por meio do impacto nos juros de empréstimos e financiamentos. Quando a taxa Selic está alta, as taxas de juros de crédito pessoal, financiamentos imobiliários, empréstimos para veículos e cartões de crédito tendem a ser mais elevadas. Isso significa que o cidadão pagará mais juros ao tomar empréstimos ou parcelar compras.  

Outra forma de sentir o efeito da variação da taxa Selic é no aquecimento da economia. Isto é, quando ela é reduzida, é possível que haja estímulo ao consumo, à produção e à geração de empregos, impulsionando a economia como um todo. Isso pode resultar em um maior dinamismo no mercado de trabalho, com possíveis impactos na renda e no poder de compra dos cidadãos. 

Arcabouço fiscal e taxa selic: onde tudo se encontra 

A taxa Selic, um dos principais instrumentos de política monetária do Brasil, tem sido alvo de críticas e debates intensos nos últimos anos e meses. Na atual gestão do governo Lula, a taxa Selic tem sido objeto de críticas por parte de diversos setores. No entanto, especialistas apontam que a redução significativa da Selic para um dígito ainda é improvável no curto prazo.  

A queda para menos de 10% ao ano seria um feito difícil de ser alcançado em 2023. Atualmente ela está em 13,75%. As expectativas do mercado apontam para uma possível redução a partir de setembro, chegando a 12%. Ou seja, ainda distante de uma taxa de juros em um dígito.  

Uma das principais influências sobre a Selic é a questão fiscal do país. Há uma relação importante entre o déficit fiscal e a taxa de juros. Um cenário de déficit fiscal elevado pode exercer pressão sobre a Selic, enquanto uma melhoria na dívida pública poderia ter um efeito positivo e permitir a redução dos juros. É aqui onde o arcabouço fiscal em discussão faz uma enorme diferença para a conjuntura econômica.  Reginaldo Nogueira comenta: 

“Não é o simples fato ter apresentado um arcabouço fiscal ao Congresso que vai reduzir a taxa de juros; o texto ainda precisa ser votado e está passando sobre o escrutínio de técnicos e economistas. Inclusive, muitas falhas e necessidades de ajustes têm sido percebidas. Nesse sentido, nós continuamos do ponto de vista fiscal, mais ou menos como estávamos antes; a única diferença é que pelo menos o governo mostrou alguma preocupação em voltar a gerar superávit primário”.  

Cenários em disputa 

Nesse sentido, o texto do arcabouço fiscal anunciado pelo governo é considerado relevante, mas ainda não teve impacto direto sobre a taxa Selic. Isto porque não foram apresentados os meios para alcançar os resultados propostos. 

No entanto, os especialistas destacam que o arcabouço fiscal ainda está em fase inicial e precisa passar por votações e ajustes. Reginaldo Nogueira, enfatiza que o simples fato de apresentar um arcabouço fiscal ao Congresso Nacional não resultará em uma redução imediata da taxa de juros. A preocupação com a sustentabilidade fiscal é importante, mas é necessário acompanhar a evolução do processo legislativo e as análises técnicas para determinar seu impacto real. 

Uma das principais disputas diz respeito ao equilíbrio entre controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Algumas vozes defendem a necessidade de manter a taxa Selic alta para conter a inflação e garantir a estabilidade de preços. Outros argumentam que é preciso reduzir a taxa Selic para impulsionar a atividade econômica e promover a geração de empregos. 

Essas disputas refletem a complexidade e os desafios inerentes à definição da taxa Selic e à condução da política monetária. Elas evidenciam a necessidade de equilibrar diferentes objetivos e interesses. A necessidade de considerar os impactos na inflação, no crescimento econômico, no mercado financeiro, nos consumidores e nas empresas. O desafio está em encontrar um ponto de equilíbrio que promova a estabilidade econômica e beneficie o conjunto da sociedade. 

Por fim, é importante ressaltar que a definição é feita pelo Banco Central e há muitos fatores que atuam em como a taxa Selic influencia a economia mutuamente. Ela é baseada em uma série de indicadores econômicos, como inflação, crescimento do PIB, cenário internacional, entre outros. Portanto, suas variações são reflexo da conjuntura econômica do país e das medidas adotadas para garantir a estabilidade e o crescimento sustentável. A política monetária é uma ferramenta importante para equilibrar a economia, mas sua efetividade depende também de outros fatores, como as políticas fiscal e estruturais implementadas pelo governo. 

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