Tendências e oportunidades de trabalho híbrido: como tem acontecido a manutenção do modelo em diferentes setores? 

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Tempo estimado de leitura: 6 minutos

A pandemia de 2020 mudou tudo, sobretudo em relação a emprego, hoje muitas pessoas procuram por oportunidade de trabalho híbrido. Pesquisas de mercado demonstram que a pandemia não apenas alterou a paisagem da saúde global, mas também provocou uma revolução silenciosa no mundo do trabalho. Empresas e profissionais em todo o mundo foram forçados a adotar rapidamente o modelo de trabalho remoto ou híbrido. A disseminação do vírus se prolongou por meses e anos, e o que parecia impossível, passou a ser uma realidade. O trabalho à distância, outrora uma opção incomum, se tornou uma escolha popular entre os funcionários. O home office trouxe flexibilidade e muito debate sobre condições de trabalho e o futuro das práticas laborais. A professora do mestrado em administração do Ibmec Rio, Ana Christina Celano, analisou o cenário com a gente. Afinal, que movimento vivemos agora após três anos da pandemia da Covid-19?  

Como foi a adaptação do mercado ao trabalho ao modelo remoto?  

No início da pandemia, a transição para o trabalho remoto ocorreu de maneira repentina e, em muitos casos, improvisada. As empresas tiveram que tomar decisões rápidas para garantir a segurança dos funcionários e de toda a sociedade sem fazer as operações pararem. Um enorme desafio que aconteceu ao estilo do ditado “trocar o carro com o pneu andando”. Não tinha o que fazer, era uma necessidade global e um compromisso com a saúde pública e coletiva. Existiam muitas variáveis incidindo sobre o processo. Não era só um teste de um novo modelo. Era a aplicação de um novo modelo sem qualquer planejamento prévio e sob o medo pelo o que estava acontecendo fora de casa. Além do mais, transferir o escritório para dentro de casa exigiu que empresas e funcionários encarassem muitas mudanças ao mesmo tempo.  

Tanto empregadores quanto empregados tiveram que aprender rapidamente a usar novas ferramentas e plataformas de colaboração online. Isso incluiu treinamento em videoconferência, compartilhamento de documentos e comunicação virtual. Para garantir a continuidade das atividades, muitas empresas tiveram que fazer investimentos significativos em infraestrutura de tecnologia e segurança. O trabalho remoto exigiu a adaptação entre trabalho e vida pessoal. Muitos empregados tiveram que aprender a estabelecer limites claros entre o trabalho e o tempo pessoal. No entanto, muitos empregados também experimentaram benefícios, como a eliminação de deslocamentos, maior flexibilidade e uma nova dinâmica entre trabalho e vida pessoal. Da mesma forma, as empresas ganharam mais experiência nesse modelo, e exploraram maneiras de torná-lo mais eficiente e sustentável. O processo de adaptação ao trabalho remoto tem sido contínuo e em constante evolução. Entretanto, como argumenta Ana Christina Celano:  

“O que as pesquisas apontam é que os empregados, em sua maioria, realmente preferem o trabalho remoto, inclusive o trabalho remoto em tempo total.” 

Oportunidade de trabalho híbrido: é possível para todos os setores? 

Quando a pandemia chegou, a necessidade construiu o cenário, e assim, a maior parte dos setores aderiram à prática. Com o passar do anos, algumas empresas repensaram a adesão, e, após três anos, há um movimento de retorno tomando força. Nesse sentido, a disputa entre o querer do empregado e a lógica empresarial tem entrado em disputa. Isso nos leva a refletir quais são os mercados que, de fato, precisam do presencial e quais podem assumir o trabalho remoto sem prejuízos práticos.  

Historicamente, empresas de tecnologia e informação foram pioneiras no trabalho remoto. Muitas funções nesses setores podem ser realizadas virtualmente, incluindo programação, marketing digital ou comunicação. A educação, especialmente o ensino superior, tem se adaptado ao trabalho remoto há anos. Professores e instrutores podem ministrar aulas online, criar materiais de ensino e se envolver com os alunos virtualmente. Muitas funções financeiras, como análise de dados, gerenciamento de portfólio e atendimento ao cliente, também podem ser realizadas remotamente. Restaurantes, bares e hotéis dependem da presença física de funcionários para atender os clientes. No entanto, funções administrativas e de marketing nesses setores podem ser realizadas remotamente. 

Para Ana, algumas empresas podem estar cometendo um erro. As empresas que estão voltando todos, indistintamente, ao presencial estão atuando equivocadamente. Infelizmente, há empresas que não conseguem diferenciar dentro de sua área as necessidades exatas para a atuação dos seus profissionais. É claro que a maioria dos serviços de saúde funcionam no presencial, o comércio físico também. Esses são alguns dos exemplos mais comuns. No entanto, por outro lado, existem empresas de setores industriais que podem ter parte de seus quadros no remoto.  

“Para mim as empresas que retornam ao presencial sem o devido planejamento o fazem por desconhecimento, por falta de sensibilidade de ouvir seus empregados e entender suas necessidades.” complementa a professora.  

Ou seja, para as empresas ainda é muito desafiador contemplar seus indicadores sociais, seguindo os preceitos da ESG, e ao mesmo tempo manter os resultados e os lucros altos. As competências demandadas aos trabalhadores vêm mudando, as softskills, tais como comunicação, liderança e flexibilidade, por exemplo, têm ganhado terreno. Vemos progressos, mas ainda há muito para caminhar nesse sentido. 

As linhas do desenho de um novo mundo  

É verdade que a pandemia catalisou determinados processos, e atualmente vivemos as implicações disso tudo, mas elas ainda serão muitas. Estamos no início de um grande processo e que ainda vamos errar e aprender muito pelo caminho. Veremos crescer as oportunidades de trabalho híbrido, mas também algumas portas se fecharem neste sentido. Já existe uma boa base de gestão de pessoas em ambientes globais, mas com certeza com a tecnologia e a quebra de paradigma que vivemos durante o tempo da pandemia daremos um salto ainda maior. Ana Celano traz um exemplo que pode mudar muitos horizontes, é o caso das empresas multinacionais. Será que haverá necessidade delas manterem o mesmo número de executivos expatriados? O que Ana coloca é que talvez, com o trabalho remoto, as pessoas não precisem mais mudar de país com a mesma frequência. Consequentemente, o intercâmbio mundial da mão de obra pode trazer inúmeros impactos aos mercados. Ana complementa: 

“Como dizia Bauman, o mundo está cada vez mais líquido, então a tendência é que muitas equipes sejam cada vez mais diversas, de forma regional ou internacional. Mas não vamos pensar que tudo são flores. Fazer a gestão de equipes multiculturais vem com grandes desafios.” 

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