Startup em 2024: cenários possíveis frente aos desafios econômicos

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Tempo estimado de leitura: 8 minutos

No cenário econômico em constante evolução do Brasil, as perspectivas das startups em 2024 têm sido objeto de atenção significativa. Isso porque depois de um forte crescimento no setor, o volume de investimentos nas startups do país caiu pela metade de um ano para o outro. Saindo do patamar de US$ 10,5 bilhões (R$ 53,7 bi) para US$ 5,2 bilhões (R$ 26,6 bi). Os dados são do levantamento da plataforma de inteligência de dados SlingHub. Existem alguns fatores que incidem e elaboram este cenário como a volatilidade do mercado, mudanças regulatórias e economia. Para falar sobre isso, o Blog do Ibmec trouxe a visão de dois especialistas de mercado. Natale Papa Junior, Professor de Pós-Graduação do Ibmec e Doutor em Administração pela ESC Rennes, e Samuel de Jesus Monteiro de Barros, Reitor do Ibmec Rio e Doutor em Administração pela Universidade de Bordeaux. Os dois apontaram algumas das perspectivas para as startups em 2024.

O que é uma startup?  

Muito se fala sobre o desenvolvimento e projeção das startups, mas antes deste panorama, precisamos entender sobre o que se trata de fato. Afinal, o que configura o formato de startup?

O nome startup se abrasileirou, e o termo em inglês quer definir uma empresa emergente. Essas empresas são geralmente de base tecnológica, que está no estágio inicial de sua operação e desenvolvimento. O termo “startup” é frequentemente associado a empresas que buscam inovação, escalabilidade e rápido crescimento em um mercado específico.

Essas empresas muitas vezes enfrentam incertezas quanto ao modelo de negócios, produto ou serviço oferecido e estratégias de mercado. Normalmente, elas operam em setores de alta tecnologia, como software, biotecnologia, inteligência artificial, fintech, entre outros. Elas buscam solucionar problemas específicos do mercado de forma inovadora. A característica distintiva de uma startup é sua busca por um modelo de negócios repetível e escalável. Algo que tenha potencial para crescer rapidamente e impactar significativamente seu mercado-alvo.

Importante explicar que um negócio escalável é aquele que possui a capacidade de crescer de forma rápida e eficiente. Essa replicação deve acontecer sem isso demandar um aumento proporcional nos recursos ou custos. Isso geralmente é alcançado através da implementação de tecnologia, automação e processos eficientes. De tal forma que permita que a empresa atenda a um número crescente de clientes ou usuários a partir de custos relativamente fixos.

Avaliando a conjuntura da atualidade para o setor

O avanço tecnológico permitiu que as startups se tornassem um grande atrativo para investidores. Entretanto, atualmente, observa-se um recuo, que, conforme os especialistas Natale Papa e Samuel Barros pode ser atribuído a uma série de fatores. Pode-se destacar, em primeiro lugar, a instabilidade econômica do país e a incerteza política após as últimas eleições. Esse cenário pode desencorajar investidores locais e internacionais a alocar seus recursos em países emergentes. E o cenário internacional econômico de outros países emergentes acaba por impactar as percepções de risco também no Brasil. Ou seja, mesmo que ainda estejamos passando por um ambiente de inflação controlada aliado à tímida retomada no PIB, isso se torna uma questão. A escassez de capital de risco disponível desempenha um papel importante.

“Se os investidores estão enfrentando restrições de capital devido a mudanças em suas estratégias ou condições macroeconômicas desfavoráveis, é provável que isso reduza os investimentos no setor de startups, que por si representa um perfil de elevado risco.” Explica os professores.

Para eles, taxas de juros mais altas fazem com que o custo de oportunidade do dinheiro seja mais alto e isso acaba por influenciar iniciativas empreendedoras quanto a tal acesso a capital. Somar as perspectivas de alta de juros pelo Fed em 2024 às questões de liquidez do SVB e Credit Suisse em 2023 trazem grande peso a tal tomada de decisão de investimentos globalmente.

Outra questão diz respeito ao ambiente regulatório e burocrático do Brasil, que pode ser um obstáculo para as startups. O modelo brasileiro acaba dificultando seu crescimento e retraindo investimentos. Se os investidores encontrarem oportunidades mais atraentes em outros países, isso pode diminuir o fluxo de capital para o país. Afinal, existem iniciativas inovadoras por todo o mundo.

Como as startups estão driblando os desafios impostos?

O mencionado declínio nos investimentos em startups pode ter um impacto profundo no cenário de inovação brasileira, afetando o setor e suas perspectivas.  Criatividade é uma palavra que sempre tangencia o comportamento empreendedor. Diante do cenário desafiador de recuo nos investimentos, as startups brasileiras estão adotando diversas estratégias para enfrentar esses desafios e continuar avançando. Uma dessas abordagens é a otimização dos recursos existentes, buscando maneiras de operar de forma mais eficiente e reduzindo gastos desnecessários. Fazer mais com menos.

Além disso, as startups estão diversificando suas fontes de financiamento, explorando alternativas como empréstimos bancários, crowdfunding e parcerias estratégicas para garantir o capital necessário para crescer. O crescimento de tais vertentes no país ratifica tal movimento. Segundo dados da CVM, entre janeiro de 2022 a março de 2023, os financiamentos coletivos no Brasil captaram perto de R$ 75 milhões para startups, um crescimento de 61%. Dados de 2024 estão sendo atualizados e a expectativa é que a tendência de crescimento seja novamente observada como um modelo persistente no país.

Além de criatividade na busca externa por recursos, a limitação de acesso a capital faz com que as startups foquem na geração de receita desde cedo. Ou seja, elas já se estruturam oferecendo produtos ou serviços pagos de forma que possam desenvolver modelos de negócio mais sustentáveis. Elas crescem fazendo com que, dentro do possível, sua necessidade de caixa seja minimizada.

“Priorização da retenção de clientes existentes, investimento em melhorias na experiência do cliente e construção de relacionamentos sólidos são estratégias para garantir a fidelidade (e desembolsos) do cliente a longo prazo. Ao mesmo tempo, algumas startups estão direcionando seus esforços para nichos de mercado mais específicos e rentáveis, onde podem se destacar da concorrência e oferecer soluções mais personalizadas.” explicam os especialistas.

Além disso, outra possibilidade que vem ocorrendo é a expansão para o mercado internacional. Diversas startups buscam oportunidades de crescimento em mercados internacionais, aproveitando parcerias com empresas estrangeiras, participando de eventos globais e adaptando seus produtos para atender às demandas de clientes internacionais. O câmbio favorável a receber em moedas fortes como dólar e euro são bastante benéficos ao ter maior parte dos custos em moedas mais fracas como o real.

Startup em 2024: cenário de incentivos

Diversos atores do ecossistema estão buscando maneiras de revitalizar o investimento em startups no Brasil e impulsionar a recuperação. Os professores apontam que governos, em todas as suas esferas, têm implementado políticas e programas para apoiar o ecossistema de startups. Isso inclui iniciativas como incentivos fiscais, redução da burocracia para abertura e operação de empresas, e programas de incentivo ao empreendedorismo e inovação.

No Rio de Janeiro, por exemplo, o papel da Secretaria de Desburocratização traz soluções, entre tantas outras, como o programa Sandbox, onde startups inovadoras podem atuar com projetos piloto livres de certas exigências burocráticas, estatais em período de teste. Além disso, instituições financeiras e investidores estão procurando novas oportunidades de investimento em startups. Bancos e fundos de investimento estão criando fundos específicos para apoiar empresas emergentes, e investidores-anjo estão procurando ativamente por startups com potencial de crescimento. No entanto, os professores Samuel Barros e Natale Papa alertam:

“Apesar desses esforços, ainda há desafios a serem enfrentados para revitalizar totalmente o investimento em startups no Brasil. Estes incluem a necessidade de melhorar o ambiente regulatório, garantir acesso mais amplo ao capital de risco e promover uma cultura de empreendedorismo e inovação em toda a sociedade. Desafios que vão sendo progressivamente trabalhados e, que mais uma vez, fomentam a capacidade inovadora de nossas startups rumo à geração de resultados.

 Para mais informações e atualizações do mercado de startup no Brasil, acompanhe as informações aqui no Blog do Ibmec. Neste portal, nomes de peso do mercado e do Ibmec trazem importantes panoramas e avaliações para te ajudar nos negócios.

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