Mulheres na liderança: mais do que reparação, uma ferramenta de transformação

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Tempo estimado de leitura: 7 minutos

As últimas décadas têm mostrado um crescimento significativo do papel das mulheres na liderança no mundo dos negócios. Da liderança corporativa ao empreendedorismo, elas estão cada vez mais assumindo papéis de destaque e deixando uma marca no cenário econômico global. Essa ascensão é fruto de um esforço coletivo para eliminar as barreiras de gênero e promover a igualdade de oportunidades. Hoje, mais do que nunca, vemos mulheres à frente de empresas, impulsionando a inovação, a diversidade e a sustentabilidade. No entanto, apesar delas estarem protagonizando esta jornada, estamos muito longe de uma equidade de gênero. Infelizmente, o recorte de classe ainda faz com que muitas mulheres não alcancem estes sonhos. Neste dia das mulheres, exaltamos aquelas que romperam essas difíceis barreiras, mas também mostrar como este desafio precisa ser coletivo.

Mulheres na economia: importante chave de mudança

A busca pela equidade de gênero é um dos objetivos globais por inúmeros motivos. É claro que valorizar de maneira equilibrada um grupo de pessoas maioria na sociedade é algo basilar. No entanto, eliminar a desigualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma medida pragmática. Essa revolução tem potencial para impulsionar significativamente o crescimento econômico global. Conforme o relatório anual do Banco Mundial sobre Mulheres, Negócios e Direito, essa iniciativa pode ter um impacto impressionante. Ela pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em mais de 20%. Tal aumento representaria uma dobrada na taxa de crescimento global na próxima década.

A magnitude deste impacto é resultado direto da subutilização do potencial econômico das mulheres devido às barreiras de gênero existentes. As mulheres continuam enfrentando desigualdades sistêmicas em diversas esferas. Desde acesso limitado à educação e oportunidades de trabalho até disparidades salariais e falta de representação em cargos de liderança. Essas barreiras não só prejudicam as mulheres individualmente, mas também impedem o pleno desenvolvimento das economias globais.

A urgência da garantia de proteção da mulher 

A disparidade de proteções legais entre homens e mulheres é uma preocupação fundamental que reflete a persistência da desigualdade de gênero em todo o mundo. De acordo com dados do relatório do Banco Mundial sobre Mulheres, Negócios e Direito, as mulheres têm, em média, apenas 64% das proteções legais que os homens desfrutam, evidenciando uma lacuna significativa e injusta.

Essa disparidade pode se manifestar de várias maneiras, abrangendo diferentes aspectos da vida e do trabalho das mulheres. Por exemplo, em muitos países, as mulheres enfrentam obstáculos legais que as impedem de abrir empresas ou de acessar determinados setores econômicos. Isso pode ser resultado de regulamentações discriminatórias. Ou então, falta de proteções legais adequadas que garantam igualdade de oportunidades no mundo dos negócios.

Além disso, a falta de proteções legais abrange questões como remuneração igualitária, direitos trabalhistas, segurança no local de trabalho e proteção contra assédio sexual e discriminação de gênero. Muitas mulheres enfrentam salários mais baixos do que homens em ocupações semelhantes. Assim como dificuldades em obter licenças maternidades adequadas ou acesso a serviços de creche de qualidade.

No contexto legal, as mulheres também podem enfrentar desafios significativos em relação à segurança e à assistência jurídica em casos de violência doméstica, agressão sexual ou outras formas de violência de gênero. A falta de proteções legais robustas pode deixar as mulheres vulneráveis e desamparadas diante de situações de abuso ou discriminação.

Nesse sentido, é essencial que os governos e as sociedades tomem medidas concretas para eliminar essa disparidade nas proteções legais. Isso inclui a reforma de leis discriminatórias, a implementação e fiscalização eficazes de proteções existentes e o fortalecimento do acesso das mulheres à justiça e aos recursos legais. Somente com ações abrangentes e coordenadas podemos garantir que todas as pessoas, independentemente do gênero, tenham igualdade de direitos e oportunidades perante a lei.

As múltiplas jornadas de trabalho da mulher

Silvia Federici, renomada estudiosa de gênero e acadêmica, lançou luz sobre a complexa dinâmica do trabalho não remunerado realizado pelas mulheres. Uma das principais teorias de Federici é a ideia de que as mulheres enfrentam não apenas uma, mas quatro jornadas de trabalho.

Essas jornadas incluem não apenas o trabalho remunerado no mercado de trabalho, mas também o trabalho doméstico, o trabalho de cuidado não remunerado e a luta pela reprodução social. Federici argumenta que as mulheres desempenham um papel vital na manutenção não apenas da família, mas também da força de trabalho como um todo.

Sem as mulheres para cuidar da casa, fornecer os cuidados necessários para os membros da família e realizar as tarefas domésticas essenciais, a economia entraria em colapso. As mulheres desempenham um papel fundamental na manutenção do bem-estar da mão de obra economicamente ativa. São elas que garantem que os trabalhadores estejam saudáveis, alimentados e cuidados para desempenhar suas funções no mercado de trabalho.

Além disso, o trabalho não remunerado das mulheres muitas vezes sustenta indiretamente o trabalho remunerado dos homens. Permitindo que estes se concentrem em suas carreiras sem se preocuparem com as necessidades básicas da vida cotidiana. As mulheres, portanto, desempenham um papel crucial na reprodução social, garantindo a continuidade e a estabilidade da sociedade como um todo.

Mulheres na liderança é um compromisso de todos

As recomendações apresentadas no relatório do Banco Mundial são fundamentais para promover a igualdade de gênero. E principalmente garantir oportunidades justas para as mulheres em todos os aspectos da vida econômica e social. Ao aprimorar as leis relacionadas à segurança e aos cuidados infantis, os governos podem garantir que as mulheres tenham acesso a ambientes de trabalho seguros. Bem como, que suas responsabilidades de cuidado não as impeçam de participar plenamente da força de trabalho.

Estabelecer cotas obrigatórias para mulheres nos conselhos de administração de empresas de capital aberto é uma ação transformadora. É uma medida importante para promover a representação feminina em cargos de liderança e garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidas nas tomadas de decisão corporativas. Isso não apenas cria oportunidades de avanço profissional para as mulheres, mas também contribui para uma maior diversidade de pensamento e perspectiva nas empresas. O que pode levar a melhores resultados financeiros e maior inovação.

Além dessas recomendações específicas, os governos também são incentivados a adotar políticas mais amplas. Iniciativas que promovam a igualdade de gênero em todos os aspectos da vida, incluindo educação, saúde, acesso à justiça e participação política. Somente por meio de medidas abrangentes e coordenadas podemos garantir que todas as pessoas, independentemente do gênero, tenham igualdade de oportunidades e possam alcançar seu pleno potencial.

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