Governança na prática: estratégias e desafios no cenário empresarial em 2024  

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Tempo estimado de leitura: 7 minutos

A discussão sobre governança na prática cotidiana empresarial emerge como um elemento crucial no cenário atual. Ela reflete a crescente conscientização sobre a necessidade de práticas organizacionais responsáveis e sustentáveis. A evolução constante das estratégias de governança evidencia a ampliação do conceito tradicional. Neste momento, não se trata apenas de processos internos, mas leva em consideração questões sociais, ambientais e éticas. Dado um contexto em que as empresas são cada vez mais reconhecidas como agentes de mudança, pensar formas reais de fazer isso é parte inerente à produção. A governança eficaz torna-se alicerce para iniciativas voltadas para o Ambiente, Social e Governança (ESG). Já falamos muito sobre ESG aqui no blog, mas hoje vamos focar especificamente em governança. Afinal, quais são os caminhos e desafios para a construção de organizações sustentáveis e socialmente responsáveis no mundo de hoje?  

O que é governança?  

Governança refere-se a um conjunto de práticas, políticas e processos que orientam e controlam o funcionamento de uma organização. São atividades que garantem que os objetivos sejam alcançados de maneira ética, transparente e eficiente. Essa abordagem vai além das estruturas internas, mas também engloba as relações da organização com seus stakeholders. Isto é, inclui acionistas, funcionários, clientes, fornecedores e, mais contemporaneamente, a sociedade em geral. A governança busca garantir o alinhamento dos interesses de todas as partes envolvidas e a criação de valor sustentável a longo prazo.  

A elaboração de um plano de governança envolve a divulgação clara e acessível de informações relevantes sobre as práticas, desempenho e decisões da organização. Isso permite que qualquer interessado na atividade compreenda o que está acontecendo e tome decisões informadas. Por isso, é fundamental a prestação de contas por meio de divulgação de relatórios financeiros, práticas de sustentabilidade e políticas internas de uma empresa. Além disso, é necessário também estabelecer mecanismos para responsabilizar indivíduos ou grupos por suas ações e decisões. Isso garante que as pessoas ou órgãos responsáveis sejam identificados e prestem contas por suas atividades.  

Outro ponto essencial em governança trata-se da manutenção de princípios éticos por meio de práticas que promovam uma cultura organizacional efetiva e antiética. Essa postura faz com que se construa confiança nas empresas e na sua capacidade de realmente atuar em colaboração transformando a cidade.  

Governança 2.0: o que mudou no conceito?  

Com o passar dos anos, a ideia de governança tem se transformado em resposta às mudanças nas expectativas sociais, ambientais e econômicas. O que antes era restrito à gestão interna e prestação de contas financeiras, passou a ser entendido como algo muito mais amplo. Hoje, o entendimento de governança tem se expandido para abranger várias novas considerações. É uma abordagem que reflete a crescente importância de práticas éticas, sustentáveis e socialmente responsáveis nas organizações. O social e o ambiental se fundem e complementam o conceito. Atualmente, vários fatores são considerados essenciais para avaliar a governança corporativa.  

Muito desta mudança vem da sigla ESG. Sigla conceitual que tem ganhado destaque nos últimos anos destacando a importância de as empresas irem além dos resultados financeiros. É necessário considerar também os impactos ambientais, sociais e de governança que geram. Empresas são avaliadas com base em suas práticas ambientais como gestão de resíduos ou emissões de carbono. Bem como suas práticas sociais, tais como diversidade e inclusão. Além, é claro, das já consolidadas práticas internas e transparentes de gestão.  

A transparência continua sendo um princípio fundamental da governança. As organizações são avaliadas pela clareza e acessibilidade de suas divulgações, relatórios financeiros e informações sobre práticas de negócios. A prestação de contas, garantindo que os líderes sejam responsáveis por suas ações, é também um componente crucial. Entretanto, agora é essencial que a composição dos órgãos de liderança, como conselhos de administração, sejam diversos. Isto é, haja diversidade de gênero, etnia e habilidades, de forma que não seja meramente imagético, mas efetiva para as tomadas de decisão. Essas práticas, diversas e éticas, são essenciais para construir confiança entre stakeholders e o público. Por isso, os códigos de ética e conduta são instrumentos importantes para guiar o comportamento dos funcionários. 

Por fim, a governança agora está fortemente ligada à capacidade de uma empresa criar valor sustentável a longo prazo. O meio ambiente dá sinais claros de esgotamento, uma colaboração global é mais que urgente. Por isso, empresas precisam incorporar práticas que consideram não apenas o impacto imediato, mas também as implicações futuras de suas ações. Esses fatores refletem uma mudança de paradigma na governança corporativa. Ela passou de uma abordagem centrada apenas em aspectos financeiros para uma visão mais holística. De tal forma que agora reconhece a interconexão entre a saúde financeira, o impacto social e ambiental, e a integridade ética. Uma evolução que destaca a necessidade crescente de as empresas operarem não apenas em benefício próprio, mas da comunidade e sociedade global.  

O que esperar para 2024 sobre governança, na prática?  

O ano de 2023 foi marcado por uma mudança significativa no cenário empresarial brasileiro. O retorno de um governo de centro-esquerda reforçou a necessidade de alinhamento com conceitos e emergências sociais. Nesse sentido, o ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa) ganhou destaque na agenda das maiores empresas do país. No entanto, esse período também foi marcado por escândalos relacionados à governança. Alguns fatos colocaram em xeque a veracidade dos compromissos que algumas grandes empresas afirmavam seguir. 

O caso de fraude na Americanas tornou-se um símbolo emblemático desses desafios, juntamente com outras empresas envolvidas em polêmicas sociais, como denúncias de trabalho análogo à escravidão. Esses incidentes tiveram um impacto significativo na percepção das empresas e empresários no mercado financeiro, levando a uma reavaliação do papel da governança corporativa. 

Especialistas destacam que a governança corporativa, muitas vezes considerada o pilar menos valorizado da agenda ESG, está prestes a se tornar o foco principal das empresas em 2024. A pesquisa do ManpowerGroup sugere que a governança será central para balizar ações ambientais e sociais das companhias. A transparência e ética nos processos e conselhos são apontadas como áreas de ênfase. 

Uma tendência adicional para 2024 é o uso da inteligência artificial (IA) para acelerar processos envolvendo a leitura e análise de documentos. Bem como de fortalecer as práticas de governança e transparência. Esse enfoque em inovações tecnológicas destaca a necessidade de eficiência na gestão e no monitoramento das práticas corporativas. 

Além disso, a ascensão de linhas de crédito verdes, associada à exigência dos bancos por práticas ESG, destaca a importância da governança como um critério essencial para acesso a crédito. O medo de perder essas oportunidades financeiras está impulsionando as empresas a aprimorar e demonstrar práticas transparentes e éticas. 

Apesar de alguns especialistas expressarem ceticismo quanto a mudanças significativas em 2024, a percepção geral é de que as empresas estão percebendo. Ainda que a passos lentos, mas a governança corporativa vem sendo aplicada não apenas como algo protocolar, mas como uma estratégia central para o sucesso empresarial.  

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