Confira novo artigo do Observatório das eleições norte-americanas, do Ibmec BH, publicado no O TEMPO

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Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Por Mario Schettino, professor do Ibmec BH, e Fabiana Diniz, aluna de Relações Internacionais do Ibmec BH.

Entusiasmo e mudança… mas também raiva

Os sentimentos têm um papel importante na política. As campanhas eleitorais buscam incitar diferentes emoções no eleitorado com o objetivo de promover o engajamento cívico-político, como a participação em atividades comunitárias, a mobilização em favor de um candidato e o comparecimento nas eleições.

Estudos empíricos sobre o papel das emoções no engajamento mostram que as campanhas eleitorais, com alguma frequência, abarcam um grande leque de emoções, com o objetivo de dialogar com diferentes perfis. Entretanto, esses estudos apontam também que a raiva tende a promover o engajamento de forma mais significativa quando comparada a outras emoções, como entusiasmo, tristeza e medo – os dois últimos, em especial, tendem a diminuir o engajamento.

A campanha eleitoral ocorre em um contexto em que os norte-americanos manifestam visões negativas sobre os rumos de sua sociedade, conforme mostram algumas pesquisas de opinião das últimas semanas. Um relatório da Pew Research indica que 77% dos cidadãos acreditam que o país se tornou mais dividido nos últimos anos. Números recentes da Morning Consult mostram que 73% dos eleitores entendem que os Estados Unidos estão na direção errada, ao passo que apenas 27% têm uma visão positiva, indicando um agravamento das perspectivas em relação a junho deste ano.

Nesse contexto, os partidos Democrata e Republicano promoveram suas conferências nacionais. Esses eventos, historicamente, impactam positivamente as intenções de voto nas semanas subsequentes. Neste ano, ambos os candidatos colheram resultados positivos, mas bastante tímidos.

O desafiante Biden melhorou a sua imagem junto ao eleitorado, embora sem reflexo substantivo nas intenções de voto. Do outro lado, o incumbente Trump incrementou ligeiramente a taxa de aprovação de seu governo, de 40% em julho para 43% na última semana, bem como aumentou as suas intenções de voto em proporção similar, diminuindo para 7 pontos percentuais a vantagem do desafiante democrata. Ainda, os números mostram que uma parcela substantiva daqueles que entendem que a sociedade norte-americana não está na direção certa acredita que o candidato à reeleição é o líder adequado para promover uma mudança positiva.

A reação de Trump nas pesquisas ocorre em um momento em que as campanhas eleitorais intensificam-se. Nas próximas duas semanas, as votações iniciam-se, com sete Estados recebendo votos antecipados, dentre eles Minnesota e Michigan, com disputas amplamente abertas. No final do mês, haverá o primeiro debate direto entre Trump e Biden e uma sequência ainda mais intensa de mobilização.

As campanhas eleitorais certamente aproveitarão da maior frequência dos eventos para exaltar as emoções. As campanhas vitoriosas de 2008 e de 2016 apostaram em uma mensagem de mudança e entusiasmo, respectivamente “Yes We Can”, de Obama (Sim, Podemos), e “Make America Great Again”, de Trump (Faça a América Grande Novamente).

Por ora, essa tendência continua nos atuais lemas de Trump, “Together, We Are Rebuilding Our Nation” (Juntos, Estamos Reconstruindo a Nossa Nação), e de Biden, em que este conclama os eleitores para se unirem por um futuro melhor (“Unite for a Better Future”) nas eleições que são uma batalha pela alma da nação (Battle for the Soul of the Nation).

Notam-se, nos atuais lemas, nuanças mais belicosas que nos das eleições anteriores. Entusiasmo e mudança, mas também raiva, parecem dar o tom dessas eleições.

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