China no controle: os impactos das restrições na exportação de metais 

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Restrições chinesas à exportação de gálio e germânio podem impactar no aumento nos preços das tecnologias em todo o globo. Esses são materiais essenciais para semicondutores, instrumentos base para produção de dispositivos eletrônicos. A medida, em resposta a disputas tecnológicas com os EUA, exige licenças para exportação a partir de agosto. Isso afetará a cadeia de suprimentos e aumentará os preços de produtos dependentes de semicondutores. A restrição também influenciará setores variados, impulsionando o desenvolvimento de alternativas tecnológicas no longo prazo. Mas afinal, quais os impactos para a economia brasileira e o que está por trás da posição Chinesa? Entenda o cenário.  
 

O que diz o anúncio Chinês?  

A China anunciou planos para restringir a exportação de gálio e germânio, que são metais cruciais na fabricação de semicondutores. A medida entrou em vigor em agosto e estabelece uma etapa nas transações comerciais. O governo passou a exigir que os exportadores desses metais obtenham “permissão especial do estado” para enviar essas matérias-primas para fora do país. A China é o maior produtor global de gálio, e um dos principais produtores e exportadores de germânio. Logo, exerce influência significativa na cadeia de suprimentos desses materiais. 
 

Gálio e germânio: sustento da tecnologia 

O gálio e o germânio são elementos químicos que desempenham papéis vitais em diversas indústrias. Eles são fundamentais, principalmente, na tecnologia de semicondutores e dispositivos eletrônicos avançados. O gálio é usado na fabricação de semicondutores, como transistores e diodos. Também é empregado na produção de LEDs (diodos emissores de luz) de alta performance, lasers, células solares e sensores. Já o germânio é um material semicondutor usado em componentes eletrônicos, especialmente em diodos, transistores e células fotovoltaicas. Ele também é empregado em fibras ópticas e em tecnologias de detecção de radiação. Logo, mudanças na disponibilidade desses materiais pode ter consequências significativas para várias indústrias. Muitas dessas indústrias exercem um papel fundamental na sociedade contemporânea.  

Quando se fala em tecnologia, facilmente associamos aos smartphones e computadores, mas vai muito além disso. Gálio e germânio são usados na fabricação de chips, que estão presentes em praticamente todos os dispositivos eletrônicos, desde smartphones até equipamentos industriais e automóveis. Dessa forma, setores como tecnologia de comunicação, energia solar, iluminação e indústria médica sofrem impactos da decisão chinesa.  
 

O que está por trás da decisão chinesa?   

O anúncio chinês é um desenvolvimento mais amplo na batalha global pela tecnologia de fabricação de chips. Disputa que tem implicações em setores que vão desde eletrônicos de consumo até segurança nacional. 

Trata-se de uma competição intensa entre nações para garantir controle, inovação e segurança na produção de semicondutores. O que significa, produção de componentes essenciais para uma ampla gama de produtos eletrônicos. Essa disputa envolve diversos aspectos como interesses econômicos, segurança nacional, avanços tecnológicos e influência geopolítica. Os semicondutores são a espinha dorsal da revolução digital, alimentando desde celulares até sistemas de defesa avançados. A crescente demanda por dispositivos eletrônicos e tecnologias emergentes, como 5G, Internet das Coisas (IoT) e veículos autônomos, aumentou a dependência global desses componentes. 

 A corrida para liderar a tecnologia de fabricação de chips é uma parte crucial da competição geopolítica entre potências globais. É o caso da China, Estados Unidos e União Europeia. O domínio neste campo confere vantagens econômicas, estratégicas e de segurança. A competição nesse setor é frequentemente marcada por disputas comerciais, tarifas e restrições à exportação. É justamente o caso da China restringindo a exportação de gálio e germânio como retaliação a medidas similares de outras nações. 

Os Estados Unidos também têm adotado medidas para dificultar o acesso da China a semicondutores mais avançados. Ao mesmo tempo, a China optou por restringir as exportações de dois metais cruciais na produção de chips para produtos como carros elétricos e dispositivos de telecomunicação.  

Segundo especialistas, essa ação tem o propósito de aumentar os preços dos semicondutores e gerar uma inflação global. Sobretudo, com o objetivo de impactar os Estados Unidos. Entretanto, no contexto do Brasil, o país não exporta esses metais, o que significa que, a princípio, deve sim sofrer impactos negativos. 

O Brasil enfrentará desafios significativos devido à sua alta dependência da importação de chips e semicondutores. Como o país não possui uma produção interna relevante desses componentes, enfrentará dificuldades na cadeia produtiva. Isso provavelmente resultará no aumento de preços de produtos como automóveis e smartphones, contribuindo para um cenário indesejado de inflação. 
 

As consequências mundiais 

A comunicação do Ministério do Comércio da China assegura que, enquanto as empresas aderirem a essas diretrizes, suas exportações continuarão sem impactos significativos. Até o momento, esses controles não prejudicaram as atividades comerciais de empresas japonesas e de outros países. 

No entanto, as novas restrições impostas pela China têm o potencial de provocar aumentos de preços no curto prazo. Essas mudanças também podem levar empresas a explorar alternativas a longo prazo. Isso inclui a possibilidade de mineração desses metais em outros países. Logo, poderia, eventualmente, desafiar a supremacia de mercado da China na produção desses materiais essenciais. 

Portanto, como resultado, as ações atuais da China podem desencadear mudanças significativas na dinâmica do mercado global de semicondutores a longo prazo. 

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