Inflação que sobe, inflação que desce. Todo brasileiro já está mais do que acostumado a ouvir essa palavra que tanto impacta a vida e o bolso. No entanto, no mês de julho de 2022, outra palavra passou a fazer parte do dia a dia de quem está de olho nos preços: a deflação. Você sabe do que se trata? Está sabendo dos impactos da deflação no Brasil? Vamos explicar um pouco deste cenário e entender, com o professor de economia do Ibmec Walter Franco, como encarar as mudanças nos preços.
Ponto de partida: afinal, o que é deflação?
Se a inflação é o aumento no preço dos produtos e serviços, a deflação é justamente o movimento oposto. Certo? Em alguma medida sim, mas é preciso um pouco mais de cuidado nesta afirmação e também para perceber este efeito. Em síntese, é fato que a inflação é o aumento e a deflação é a queda relativa dos preços, ambos, de forma generalizada, ou seja, em grupo de produtos e serviços pertencentes a uma determinada cesta de produtos e serviços normalmente adquiridos pelo consumidor final.
Geralmente, os índices são avaliados a partir da variação dos preços relativos em determinado período de uma gama de produtos e serviços que compõem, juntos, um determinado índice de inflação. Isto é, preços de produtos ou serviços adquiridos no dia a dia pela maioria da população de um determinado país ou região. No caso do Brasil, os índices de inflação cobrem as variações dos preços de produtos como o feijão, arroz, ovo, carne, batata, leite, aluguel, gastos com material escolar e por aí vai. A inflação medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – medido pelo IBGE, por exemplo, vem marcando presença nas manchetes de jornais há mais de 25 meses. Enquanto a deflação deste mesmo IPCA foi registrada pela primeira vez no Brasil, em mais de dois anos, no mês de julho de 2022 e atingiu 0,68%, a menor taxa desde 1980.
Embora não haja um consenso entre os especialistas sobre o que seria uma tendência deflacionária, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acredita ter uns “dois ou três meses” de deflação pela frente.
Como é possível perceber efetivamente esta deflação no Brasil?
Em primeiro lugar, é preciso compreender um pouquinho sobre IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo. O IPCA é um dos índices de inflação mais importantes na economia do nosso país, ele atenta para uma variedade fundamental de produtos e serviços vendidos no varejo para as populações cuja renda se situa entre 1 e 40 salários-mínimos se que habitem grandes centros.
O que significa dizer que este índice monitora itens como ingredientes do prato brasileiro, mas também serviços como consulta médica, vestuário, produtos eletrônicos, atividades de lazer e combustíveis. Cada um desses itens possui um peso diferente, mas todos compõem o que seria básico e essencial às famílias brasileiras. E neste sentido, é evidente que os alimentos influenciam muito.
O que aconteceu desta vez é uma deflação, mas com variáveis significativas, como explica Walter Franco, professor e economista do Ibmec São Paulo:
“Este IPCA foi bastante impactado, positivamente, pela queda significativa dos preços dos combustíveis e energia elétrica, o que acabou por levá-lo a apresentar uma queda, ou deflação, apesar de ainda percebermos que os preços de diversos outros itens continuam encarecendo a vida do brasileiro.”
Segundo o Walter, o índice como um todo está negativo, pois os produtos da cesta básica seguem em alta. Como é o caso da carne, que não só não caiu o preço, como até subiu em algumas capitais.
O efeito do efeito
A grande verdade é que nunca antes na história moderna mundial houve um fato com efeito tão amplo e impactante como a pandemia da Covid-19. O mundo todo precisou encarar um enorme desafio e subsidiar a proteção da população. Para que isso fosse possível, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou que toda a população fizesse isolamento social, ficando em casa e em segurança. Os serviços emergenciais continuaram, mas muitos setores da economia viveram momentos profundos de incertezas e dificuldades em se adaptar àquela realidade. Uma verdadeira bola de neve. Mesmo depois da pandemia já bem mais estabilizada, os efeitos de inflação e deflação seguem atingindo economias por todo o mundo.
No caso do Brasil, outros fatores também se somaram a crise, como pondera o professor e economista:
“Primeiro tivemos dois anos de pandemia, período bastante difícil, que gerou diversos problemas em áreas como logística e produção, depois, problemas climáticos afetaram as safras de produtos agrícolas e produção de energia, houve muitas mudanças de hábito de consumo, aumento da demanda de certos produtos e a baixa de outros, e quando o mundo começava a se restabelecer no pós-pandemia, nos deparamos com a Guerra da Ucrânia, exportador de peso na economia mundial. Assim, podemos afirmar que tal combinação de fatores adversos vem mantendo os preços relativamente pressionados.”
A inflação disparou e os preços nos mercados passaram a mudar de semana para semana, e a maioria dos produtos tiveram altas.
Caiu, mas você não percebeu
Com tamanha instabilidade econômica, os preços de alguns produtos caíram, mas muitos brasileiros ainda não sentiram o efeito nos orçamentos domésticos.
Para Walter Franco, para reduzir os danos em casa será preciso buscar alternativas:
“É preciso cortar os gastos, buscar por produtos alternativos, ao ver algo muito caro, com preços muito acima do habitual, a sugestão é trocar, como muito brasileiros fizeram em relação à carne vermelha e à carne branca.” No entanto, o clima é de otimismo, para ele, a economia brasileira é aberta e dinâmica e iremos encontrar um caminho para fazer o equilíbrio acontecer. Se ainda estiver em dúvida sobre o assunto e o contexto da deflação no Brasil, entre em contato com a gente, leia nossos conteúdos aqui do blog e procure nossos cursos de formação econômica.