No mundo atual, a busca pela resposta sobre como ter uma economia sustentável tem exigido esforços multissetoriais. A relação entre um futuro sustentável e a luta contra a pobreza são desafios cruciais que exigem atenção imediata. Infelizmente, projeções calamitosas indicam que milhões de pessoas podem ser empurradas para a extrema pobreza. Os dados apontam que nos próximos anos, devido a uma série de fatores, a extrema pobreza continuará sendo um enorme obstáculo. Em um país como o Brasil, para entender os reflexos deste cenário é preciso considerar nossos recursos naturais e as complexas questões sociais que nos atravessam. Vamos abordar um pouco sobre a relação entre sustentabilidade e economia, e quais ferramentas temos para mudar o futuro.
Afinal, o que é, de fato, sustentabilidade?
A sustentabilidade, em contexto abrangente, vai além da simples preocupação com a conservação dos recursos naturais. Envolve a implementação de práticas econômicas e sociais responsáveis. Bem como, o desenvolvimento de energias limpas e renováveis, a promoção de sistemas agrícolas sustentáveis e a criação de oportunidades econômicas inclusivas. A busca por soluções sustentáveis se torna crucial para enfrentar os desafios da extrema pobreza e das mudanças climáticas.
Segundo um relatório divulgado pelo Banco Mundial, eventos climáticos podem levar de 800 mil a 3 milhões de brasileiros à extrema pobreza até 2030. Secas e chuvas anormais têm prejudicado as colheitas em todo o país, o que, por sua vez, leva ao aumento nos preços dos alimentos. A escassez de água e a falta de saneamento básico também são problemas que tendem a se agravar. Especialistas acreditam que é necessário repensar o modelo econômico, adotando práticas sustentáveis e combatendo o desmatamento e a mineração ilegal.
No futuro próximo, o setor do agronegócio, por exemplo, enfrentará consequências decorrentes das mudanças climáticas, embora esses efeitos não sejam imediatos. Este setor possui um enorme e estratégico papel no Brasil nos dois principais campos a respeito: meio ambiente e economia. Um dos desafios será lidar com a escassez de terras férteis disponíveis. Embora existam planos em andamento para transformar a Amazônia em áreas agrícolas sustentáveis, é inevitável que ainda haja algum impacto ambiental. É importante reconhecer que, como seres humanos, temos causado impactos significativos no mundo. No entanto, agora temos a oportunidade e o dever de minimizar esses danos. O que só poderá acontecer a partir da adoção de práticas mais responsáveis em prol de um futuro sustentável em todas as escalas da sociedade.
A relação entre sustentabilidade e a projeção de mortes causadas pela extrema pobreza não pode ser ignorada. À medida que o planeta sofre os impactos das mudanças climáticas, o cenário também catalisa. Desastres naturais como enchentes, secas prolongadas e deslizamentos de terra se tornam mais frequentes e devastadores. Esses eventos climáticos extremos têm consequências diretas na disponibilidade de recursos básicos, tais como alimento, e também no acesso a moradias seguras e serviços de saúde adequados.
Além disso, a falta de oportunidades econômicas e a desigualdade social são fatores que perpetuam a extrema pobreza. Para combater efetivamente essa situação alarmante, é fundamental adotar abordagens sustentáveis que promovam a inclusão social, a justiça e a preservação do meio ambiente.
O desafio de elencar prioridades e traçar plano sobre como ter uma economia sustentável
O professor de economia do Ibmec, Jackson De Toni afirma:
“Existem tantas prioridades e tantos problemas a serem resolvidos nas áreas social, econômica, criação de empregos, desenvolvimento regional e segurança pública, que o investimento em infraestrutura acaba competindo com essas outras prioridades”. Segundo o especialista, é necessário um planejamento mais abrangente e efetivo por parte do governo. Assim como também uma abordagem simultânea do setor privado, que deve incentivar práticas de produção mais sustentáveis.
Algumas iniciativas
Recentemente, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, veio trabalhando para estabelecer métricas oficiais de avaliação da sustentabilidade da produção agropecuária no Brasil. O objetivo é desenvolver modelos e índices que possam comprovar cientificamente as práticas adotadas no campo e também orientar os agricultores. A criação dessa plataforma de dados representa um avanço significativo para o setor agrícola do país. Informações confiáveis e oficialmente reconhecidas sobre a sustentabilidade também tornará possível fortalecer a imagem do agronegócio brasileiro no cenário internacional. Ela também funciona para impulsionar a adoção de práticas mais responsáveis e conscientes por parte dos agricultores.
Outra ferramenta que está sendo e deve ser ainda mais incorporada é a Inteligência Artificial (IA). Embora seja uma ferramenta complexa que requer constante especialização, a IA tem demonstrado eficiência em diversas áreas. Ela tem se mostrado crucial para viabilizar a criação de novos modelos de negócio no setor agrícola. Ela vem impulsionando transformações e contribuindo para uma produção mais sustentável. Por exemplo, ela possibilita o manejo de tarefas mais complexas relacionadas aos animais, como a análise dos sons emitidos por eles. Ela muda a lógica do campo ao combinar análise de dados, automação e tomada de decisões inteligentes. A IA permite que os agricultores aumentem a produtividade, reduzam custos, otimizem o uso de recursos para garantir uma produção agrícola mais eficiente e sustentável.
O mundo está de olho no Brasil
A agenda climática muitas vezes entra em conflito com interesses econômicos e políticos de curto prazo. Setores poderosos, como o agronegócio, que desempenham um papel crucial na economia brasileira, podem resistir a mudanças. Principalmente aqueles que possam afetar seus interesses econômicos imediatos. Além disso, questões políticas e disputas ideológicas podem polarizar o debate e dificultar o consenso em relação às ações climáticas.
O Brasil desperta o interesse internacional devido à sua importância na regulação climática global. Assim como sua rica biodiversidade, seus compromissos internacionais e a pressão por práticas sustentáveis na produção de commodities. O país está no centro das atenções da comunidade internacional em relação à questão climática. É possível que desempenhe um papel de liderança no debate por soluções sustentáveis, mas será preciso assumir e encarar muitos desafios.