A rápida evolução da Inteligência Artificial (IA) trouxe consigo uma ampla possibilidade de abordagens e técnicas que unem IA e governança corporativa. Tais aplicabilidade estão redefinindo a maneira como as empresas operam e interagem com o mundo ao seu redor. À medida que isso avança, também se torna um componente fundamental para a execução das práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança). Já faz um tempo que a IA deixou de ser apenas uma ferramenta tecnológica para ser um campo de atuação. Nesta intersecção entre IA e ESG, surgem oportunidades e desafios complexos que exigem uma reflexão cuidadosa e estratégica. Afinal, a adoção da IA precisa estar alinhada com princípios éticos, de transparência e de sustentabilidade. Samuel de Jesus Monteiro de Barros, Reitor do Ibmec Rio e Doutor em Administração pela Universidade de Bordeaux expôs sobre este cenário para o nosso blog.
Inteligência Artificial e empresas: esse match é de sucesso?
A justaposição das capacidades das empresas com as capacidades da IA promete resultar em avanços notáveis em diversas áreas. A IA, com sua habilidade de processar e analisar volumes massivos de dados em tempo real, fornece insights poderosos. Suas inúmeras funcionalidades podem alimentar estratégias informadas e decisões mais acuradas.
O sucesso da união entre empresas e IA requer uma abordagem responsável. A ética e a transparência na implementação da IA são cruciais para evitar riscos associados, como o viés algorítmico e questões de privacidade. Além disso, investimentos em treinamento e desenvolvimento de habilidades serão necessários para capacitar os colaboradores a trabalharem em conjunto com as tecnologias de IA. É justamente neste ponto onde IA e ESG se encontram, como comenta o Samuel de Barros. Para ele, a Inteligência Artificial pode ser uma grande parceira na adoção de políticas de ESG por parte das empresas. Ela pode ajudar na imparcialidade nos processos de contratação, a avaliar os dados de sustentabilidade da empresa. Assim como também criar programas sólidos, estruturados e conscientes da diversidade, além de poder aumentar a eficiência das áreas.
“Os principais desafios que as empresas enfrentam ao buscar uma governança corporativa sólida no desenvolvimento e implementação de soluções de IA, especialmente no que diz respeito à transparência e responsabilidade.” complementa o reitor.
Desafios pelo caminho
Samuel pontua alguns dos possíveis obstáculos para pensar na relação entre governança corporativa e a IA.
- Complexidade da tecnologia de IA: A IA é uma tecnologia complexa que envolve uma série de algoritmos e técnicas que podem ser difíceis de entender e explicar. Isso pode dificultar para as empresas garantir que suas soluções de IA sejam desenvolvidas e implementadas de forma ética e responsável.
- Falta de regulamentação da IA: Atualmente, não há regulamentações globais ou mesmo regionais que especifiquem como as empresas devem desenvolver e implementar soluções de IA. Isso deixa as empresas com a responsabilidade de criar suas próprias diretrizes e processos de governança corporativa, o que pode ser um desafio significativo.
- Falta de especialistas em IA: A demanda por profissionais qualificados em IA está crescendo rapidamente, mas a oferta de talentos não está acompanhando o ritmo. Isso pode dificultar para as empresas encontrar os profissionais que precisam para desenvolver e implementar soluções de IA de forma eficaz.
Portanto, apesar desses desafios, é importante para as empresas desenvolver e implementar soluções de IA de forma responsável. A IA tem o potencial de revolucionar o mundo dos negócios, mas também pode ser usada para causar danos. É importante para as empresas garantir que suas soluções de IA sejam desenvolvidas e implementadas de forma ética e responsável, a fim de evitar possíveis consequências negativas.
ESG e IA: em sintonia com o futuro
A Inteligência Artificial emergiu como um catalisador promissor para a implementação das políticas ESG (Ambiental, Social e Governança) nas empresas. No aspecto ambiental, por exemplo, a IA pode contribuir na coleta e análise de dados relacionados à clima e poluição, ou então o uso de recursos naturais e eficiência energética. Ao processar grandes volumes de informações, a IA pode identificar padrões, tendências e anomalias que seriam difíceis de serem percebidos manualmente. Isso possibilita a implementação de estratégias mais eficazes para a redução do impacto ambiental e a conformidade com regulamentações ambientais.
No âmbito social, a IA pode aprimorar a gestão das práticas de responsabilidade social corporativa, incluindo a diversidade e inclusão no local de trabalho. Ela pode monitorar a satisfação dos funcionários e clientes, ajudando as empresas a ajustarem suas políticas conforme as necessidades identificadas.
Quanto à governança, a IA pode reforçar a transparência e a prestação de contas por meio do monitoramento automatizado. Ou seja, fornecer dados de operações e decisões corporativas em tempo real. Isso ajuda na transparência e na detecção de fraudes ou de riscos do negócio.
“Ainda estamos muito no início do debate o que abre muito espaço para construção Colaborativa entre os atores de diversos setores. A IA e o ESG são relativamente novos para a sociedade, saíram das suas bolhas há pouco tempo, e isso é muito bom.” afirma o doutor e reitor Samuel de Barros.
De frente para a inovação
Há uma parcela da sociedade que vê a IA como uma realidade inevitável e a aceita como parte integrante da vida moderna. Uma outra parte expressa preocupação em relação às implicações éticas da IA. Como reflete Samuel, o fato é que, a velocidade de absorção das novidades depende muito do interesse social. Por enquanto, as novidades que mais impactam o grande público estão sendo assimiladas e aplicadas por camadas mais jovens da sociedade e por especialistas. Ainda é uma revolução lenta e, em alguns pontos, silenciosa. Contudo é inevitável e mudará a sociedade de diversas formas. Logo, cabe às empresas tomarem a dianteira dessa evolução, unindo IA e governança corporativa em direção ao sucesso.