A rápida evolução da tecnologia e sua incorporação na sociedade traz exigências sobre a ética na implementação tecnológica. A necessidade é reflexo da forte influência sobre a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. À medida que a tecnologia se torna cada vez mais integrada em nossa vida cotidiana, a formação educacional das pessoas também precisa fazê-la. Sobretudo profissionais que irão atuar diretamente neste mercado. E como já vimos aqui no Blog do Ibmec, a evolução das ferramentas tais como a Inteligência Artificial será uma realidade para todas as profissões. Frente a este cenário, o Ibmec tem trazido para as salas de aulas muitas dessas reflexões.
Ética e gestão de risco é mesmo necessário?
A incorporação da ética na formação contemporânea é essencial porque as decisões tecnológicas têm um impacto direto na vida das pessoas e na sociedade como um todo. Os profissionais de tecnologia têm em mãos o poder de moldar o futuro. Seja no desenvolvimento de algoritmos de IA, na criação de produtos digitais ou na implementação de soluções tecnológicas em empresas e governos.
Algumas evidências do funcionamento e prática da atividade tecnológica vem mostrando a urgência da abordagem ética. É o caso de algoritmos de IA que muitas vezes são treinados em grandes conjuntos de dados e, por isso, refletem os preconceitos e desigualdades existentes na sociedade. O processo de aprendizado da IA pode perpetuar vieses nocivos de raça, gênero, etnia e outros. Da mesma forma, a IA usada em plataformas de mídia social e mecanismos de recomendação e conteúdo, se não for devidamente regulamentada e supervisionada, pode ser usada para amplificar a propagação de notícias falsas, desinformação, teorias da conspiração e discurso de ódio. Isso pode ter sérios impactos sociais e políticos. Como já se materializou em processos recentes.
A formação em ética e gestão de crises não é apenas relevante, mas também essencial para garantir que a tecnologia seja usada de forma responsável, segura e benéfica para a sociedade.
Além disso, à medida que empresas e organizações se tornam cada vez mais dependentes da tecnologia, elas também ficam suscetíveis a erros. Elas estão sujeitas a uma série de riscos, como violações de segurança cibernética, falhas técnicas e escândalos éticos. Os profissionais de tecnologia precisam estar preparados para lidar com essas situações de forma eficaz, mitigando danos e tomando medidas corretivas.
Ética na implementação tecnológica: por onde começar
Obviamente é desafiador encarar o novo, ainda mais quando o novo se transforma tanto e em tão pouco tempo. Logo, elaborar uma formação eficiente em atender a amplitude e diversidade dos aparatos tecnológicos exige mudanças estruturais. Isto é, é preciso focar mais no cerne do processo evolutivo que encaramos socialmente, e menos nas particularidades de cada inovação.
A comunicação eficaz com sistemas de IA é fundamental, por exemplo, é fundamental. Em sala de aula, os alunos estão aprendendo a se comunicar com a IA, seja ela qual for. É entender que é na interação que tudo se dá. Isso é crucial para garantir que a IA seja usada de maneira responsável e para evitar possíveis consequências negativas. Os cursos também abordam questões como viés algorítmico, perda de empregos, dependência excessiva da tecnologia e uso malicioso da IA. Essas discussões ajudam os alunos a compreenderem as implicações sociais, econômicas e éticas da IA em diferentes contextos.
Mais do que nunca, a educação não se limita apenas aos estudantes, mas também aos educadores. Os educadores desempenham um papel fundamental na formação dos alunos e na introdução dessas discussões nas salas de aula. Nesse sentido, os professores atuam como verdadeiros mestres, pois não se limitam ao conhecimento técnico. São pulverizadores de conceitos sociológicos estruturantes e caros do ao longo dos anos evolutivos da organização humana.
No geral, a integração de temas éticos, de gestão de riscos e de design, sobretudo nos cursos de tecnologia, reflete uma conscientização. Trata-se de uma crescente percepção sobre a importância de uma abordagem responsável e ética para o desenvolvimento e uso da inteligência artificial. Essa evolução educacional é crucial para preparar os profissionais de tecnologia para enfrentar os desafios complexos. Desafios estes que ditam o fazer, o uso e, também, as correções das aplicabilidades tecnológicas.
Ética e tecnologia: uma nova fronteira para o ensino
Por fim, a inclusão das disciplinas de ética e gestão de crises desempenham papéis essenciais para formar profissionais preparados para elaboração de marcos regulatórios das tecnologias atuais e futuras. A concepção de regulamentações efetivas e bem-sucedidas sobre a inteligência artificial (IA) é algo que já deveria estar sendo debatido.
A ética desempenha um papel fundamental na definição dos princípios e valores que devem orientar a regulamentação da IA. Ela ajuda a estabelecer um quadro moral para o desenvolvimento e uso da tecnologia. Bem como considera questões como privacidade, equidade, transparência e justiça. Esses princípios éticos fornecem a base sobre a qual as regulamentações podem ser construídas, garantindo que os direitos e interesses das pessoas sejam protegidos.
Já a gestão de crises desempenha um papel complementar, identificando riscos potenciais associados à IA e antecipando possíveis cenários de crise. Isso inclui a análise de como a IA pode ser usada de maneira prejudicial ou antiética e como isso pode afetar a sociedade. A gestão de crises ajuda a identificar vulnerabilidades e a desenvolver estratégias para lidar com situações adversas.
Ambos os conceitos enfatizam a importância da transparência, responsabilidade e aprendizado contínuo. No Ibmec, tudo isso vem norteando mudanças na grade e na concepção toda da instituição em relação à ética na implementação tecnológica. Tais iniciativas ajudam a preparar os alunos para os desafios e oportunidades do mundo digital, mas também toda sociedade em busca de mais consciência e equidade.