Coordenador de RI do Ibmec RJ, José Niemeyer, publica artigo no Estadão

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Em artigo publicado essa semana no Estadão, o professor José Niemeyer analisa algumas frases, pouco institucionais, ditas pelo Presidente Jair Bolsonaro. Leia abaixo o material na integra.

Por que não te calas?

Uma das mais evidentes características do Presidente Jair Messias Bolsonaro é sua fala nada institucional.

As últimas palavras, dias atrás, sobre o Ministro do STF Luiz Roberto Barroso e o conteúdo do ‘CajuruGate’ pareciam mais conversas de fim de uma pelada entre jovens ainda muito infantis do que a linguagem correta de um Presidente da República.

A retórica do Chefe de um dos três poderes da República e, também, Chefe de Estado na representação do País junto às demais nações, exige forma e conteúdo institucional. As ações de Bolsonaro como governante acabam sendo muito influenciadas por essa retórica demasiada informal.

Um exemplo desta relação simbiótica entre a fala e a ação do Chefe do Poder Executivo está demonstrada na conjuntura atual, quando, num quadro catastrófico de saúde pública, com a rotina diária de milhares de brasileiros mortos que só faz crescer, as ações do governo não têm continuidade, são ineficazes, e, esta trajetória de colapso das estruturas do sistema de saúde está muito relacionada à retórica não institucional e ‘zero’ construtiva do Presidente Bolsonaro. 

Mas foquemos mais na intenção do que nos resultados.

Sendo assim, percebemos que sempre fica no ar uma pergunta sobre o porquê do Presidente da República ser tão pouco institucional como liderança máxima do País…!

Uma das respostas seria que a não institucionalidade na retórica do Presidente tem uma função de desconstruir a importância da liturgia do cargo, e, assim, desconstruir as formalidades inerentes à instituição de Estado ‘Presidência da República’, e, em um movimento proposital, no tempo e no espaço, também desconstruir o papel das instituições, dos processos tradicionais do sistema político, da própria dinâmica eleitoral e, até mesmo, desconstruir a concepção, os procedimentos e as funções da democracia.

Outra possibilidade seria a produção ininterrupta de cortinas de fumaças para tirar o foco de questões graves e estruturais, relacionadas, principalmente, ao campo da saúde pública; ou confundir, e mesmo obstruir, a voz dos formadores de opinião mais ligados às mídias tradicionais e à própria opinião pública em geral, se utilizando, estrategicamente, das novas mídias para fazer repercutir seus ‘divertidíssimos’ discursos antipolítica.  

Creio, também, na possibilidade do Presidente Bolsonaro usar tais cortinas de fumaça para diminuir a força e o prosseguimento de processos anticorrupção no trato com a coisa pública, estes cada vez mais marginalizados, como a Operação Lava Jato; ou, ainda, com a intenção de se fazer esquecer das investigações de membros ligados ao Governo Bolsonaro e a sua família.

Ou, por que não, todas essas ponderações juntas…?

Por fim, ainda podemos concluir que a fala não institucional é para garantir a manutenção do apoio dos grupos de bolsonaristas, que vibram com a desconstrução da ideia de política, e que parecem, em conluio com o próprio Presidente Bolsonaro, possuir uma fórmula mágica para a continuação do que entendem por ‘ordem e progresso’. Sobre a ‘fórmula mágica’ acho que não preciso dizer do que se trata.

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