A avaliação presidencial e a eleição nos EUA, pelo professor Adriano Cerqueira

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Por Adriano Cerqueira, cientista político, professor de Relações Internacionais do Ibmec BH e membro do Observatório das Eleições dos EUA.

Em períodos eleitorais, as pesquisas de intenções de voto se tornam uma das principais estrelas do evento pela capacidade de revelar tendências do eleitorado.

Mas há outro tipo de pesquisa que se mostra muito rico para indicar tendências eleitorais em países que permitem a reeleição do presidente (nem todos os países permitem, como México e Paraguai). Ela é comumente conhecida como “pesquisa de avaliação do governo”, e costumeiramente utiliza os conceitos de “aprovação” e de “desaprovação”.

Nos EUA, o governante (ou incumbente) tem o direito de tentar a reeleição e geralmente o usa no término do primeiro mandato. Logo, é de se esperar que um presidente que possua, no fim do primeiro mandato, índices elevados de aprovação tenha mais chances de se reeleger do que aquele que esteja com índices muito baixos. E o histórico mais recente das disputas eleitorais em que houve a tentativa do incumbente de se reeleger confirma essa hipótese.

A última vez em que um incumbente foi derrotado no processo eleitoral foi em 1992, quando o então presidente republicano George H. W. Bush (conhecido como “Bush pai”) perdeu para o candidato democrata Bill Clinton. Em outubro de 1992, na última pesquisa do instituto Gallup sobre os índices de aprovação e desaprovação do presidente, “Bush pai” tinha 56% de desaprovação e apenas 34% de aprovação. A diferença entre os índices era de 22 pontos percentuais. Em 1996, quando Bill Clinton tentou sua reeleição, ele tinha 54% de aprovação e 36% de desaprovação na última pesquisa feita pelo Gallup antes da eleição, em outubro. E ele foi vitorioso.

Em 2004, o republicano George W. Bush (conhecido como “Bush filho”) tinha 48% de aprovação e 47% de desaprovação (situação de empate técnico) na última pesquisa feita pelo Gallup antes da eleição, em outubro. E ele foi vitorioso mesmo assim.

Na última eleição em que um incumbente disputou, Barack Obama, do Partido Democrata, tinha 52% de aprovação e 45% de desaprovação na última pesquisa do Gallup antes da eleição, em outubro. E ele também foi vitorioso.

O histórico leva à conclusão de que presidentes que chegam às vésperas da eleição presidencial com uma taxa de aprovação próxima dos 50% conseguiram sair vitoriosos. E quem chegou com uma taxa de aprovação abaixo dos 40% foi derrotado.

Evidentemente, o baixo número de casos deve ser levado em consideração para evitar que uma tendência apurada seja considerada uma lei que, necessariamente, será imposta nos processos eleitorais. Mas como tendência deve ser considerada, pois as eleições presidenciais nos Estados Unidos são dominadas por apenas dois partidos, sendo que um deles é do presidente, que eventualmente está disputando a reeleição. A polarização é uma das principais características dessas eleições, e a pesquisa de avaliação de governo indica uma polarização em termos de se aprovar ou desaprovar o atual presidente.

Donald Trump, segundo as pesquisas diárias do instituto Rasmussen (o Gallup parou de fazer esse tipo de levantamento), teve, entre 7 e 11 de setembro, uma taxa média de aprovação de 49% e uma taxa média de desaprovação de 50%. Pelo histórico, são índices animadores que Trump muito se esforçou para alcançar, pois em junho ele chegou a ficar com a aprovação próxima dos 40%. Ele tem, agora, mais chances de ganhar.

Crédito: O TEMPO

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