Há alguns anos questões de natureza geopolítica estão impactando diversos países em escala global, nesse sentido, qual a relação entre guerras e a economia? O professor Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos e professor do IBMEC-RJ, trouxe um panorama sobre o tema em seu artigo “Arcabouço ou acabou-se o fiscal?” para o portal Valor Investe. O contexto internacional desencadeia uma série de consequências que reverberam nas economias nacionais. Conflitos como o entre Israel e Hamas ou a guerra na Ucrânia não apenas provocam destruição e sofrimento humano, mas também perturbam mercados financeiros. São variáveis que elevam os preços de commodities como petróleo e gás, e intensificam a volatilidade dos investimentos. Essas tensões geopolíticas podem resultar em inflação, incertezas que afetam a confiança dos investidores, além de impactar cadeias de suprimentos globais. É essencial que esses cenários sejam considerados nas estratégias econômicas e políticas. Para o economista, ignorá-los pode levar a uma subestimação dos riscos e a uma preparação inadequada para lidar com as suas consequências. O que consequentemente compromete a estabilidade e o desenvolvimento econômico a longo prazo. Vamos destrinchar este cenário?
Volta ao mundo: principais conflitos e questões em andamento
O mundo atual enfrenta uma confluência de questões complexas e interconectadas que impactam a política, economia e sociedade globais. Alguns importantes sociólogos abordam essas crises em aspectos mais amplos, como Manuel Castells e Bruno Latour em livros como “Ruptura” e “Onde aterrar?: Como se orientar politicamente no antropoceno”, respectivamente. No entanto, episódios factuais contemporâneos destacam-se como desafios relevantes e impactantes. Entre os principais estão tensões geopolíticas, crises econômicas, questões ambientais, avanços tecnológicos e crises humanitárias.
Uma das mais notáveis é a escalada dos conflitos no Oriente Médio, especialmente entre Israel e Hamas. Além de causar destruição e perda de vidas, impacta a economia global ao elevar os preços do petróleo e aumentar a volatilidade dos mercados financeiros. Simultaneamente, a guerra na Ucrânia continua a ser uma fonte significativa de instabilidade. A invasão russa em fevereiro de 2022 resultou em sanções econômicas severas contra a Rússia, afetando o comércio global, especialmente nos setores de energia e agricultura. Além disso, as tensões entre os Estados Unidos e a China permanecem elevadas, exacerbadas por questões relacionadas a Taiwan e ao comércio internacional.
Parece findada, mas não em termos econômicos e sociais, países do quatro cantos ainda lidam com as repercussões econômicas da pandemia de COVID-19. Apesar de muitos países terem entrado em recuperação, a inflação continua a ser uma preocupação central, impulsionada por problemas na cadeia de suprimentos e aumentos nos preços de energia. Bancos centrais, como o Federal Reserve nos Estados Unidos, estão enfrentando o dilema de combater a inflação sem sufocar o crescimento econômico, muitas vezes resultando em taxas de juros mais altas que afetam o consumo e os investimentos.
As questões ambientais e as mudanças climáticas se aceleram e se intensificam. Há semanas o Brasil está parado e mobilizado para atender, acolher e proteger a população do Rio Grande Sul. É importante ressaltar que a tragédia que acometeu 90% do estado, também gera graves consequências econômicas. Além de todo orçamento necessário para gestão da crise e reconstrução do estado, há também a completa paralisação da produção. Os prejuízos em relação ao que foi perdido, o gasto para colocar tudo em funcionamento novamente, e o suporte para os mercados e serviços que perderam toda sua estrutura de funcionamento. Isso acontece no Brasil, mas também no mundo. Muitas pessoas sentiram nas compras o aumento escalado no preço do azeite de oliva extra virgem que chegou a ficar 80% mais caro. A justificativa: desde 2022 a Europa passou por períodos de seca e calor extremo, situações climáticas que desfavorecem o cultivo da azeitona. Eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e severos, causando danos significativos a comunidades e economias locais.
Os avanços tecnológicos, enquanto impulsionam a inovação e o crescimento, também trazem novos desafios. A inteligência artificial e a automação transformam o mercado de trabalho. A desinformação esgarça processos democráticos e prejudicam o sistema informacional. A cibersegurança tornou-se uma preocupação crescente, com ataques cibernéticos afetando governos, empresas e infraestruturas críticas.
Crises humanitárias continuam a afetar milhões de pessoas ao redor do mundo. Conflitos armados, perseguições políticas e desastres naturais forçam migrações em massa, resultando em uma crise de refugiados sem precedentes. Haiti, Síria, Venezuela, Equador, Irã entre tantos outros países estão enfrentando situações críticas.
O cenário político global também está em fluxo, com várias eleições importantes que podem redefinir políticas internas e relações internacionais. A eleição presidencial nos Estados Unidos em 2024, por exemplo, é observada com atenção. Afinal, sua repercussão se estenderá além das fronteiras americanas, afetando alianças globais, políticas comerciais e questões climáticas.
A complexidade dessas crises exige respostas coordenadas e abrangentes por parte da comunidade internacional. Este é o ponto principal que o professor Alexandre Espírito Santo traz em sua análise pela perspectiva econômica. Não é possível continuar os fluxos de ação financeira sem considerar de fato todas essas questões. As decisões econômicas não podem ser tomadas como se vivêssemos em uma grande pelada de futebol, onde “os amigos brigões se reuniam num boteco para tomar cerveja, como se nada tivesse acontecido”, retruca o professor.
Guerras e economia: uma referência análitica para melhor compreensão da conjuntura geopolítica
Na análise, o professor do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo, que também é economista-chefe da Way Investimentos, levanta um ponto de preocupação em relação a guerras e economia:
“Hoje, comento sobre outra: o mundo está brincando de “cabra cega” na beira do precipício, com essas guerras em curso. Penso que as chances de que escalem para conflitos irreversíveis aumentaram muito.”
Se você se interessou pelo tema e quer ler a íntegra, acesse o portal Valor Investimento. Já para estar sempre acompanhando leituras apuradas sobre economia, política e mercado pelas maiores referências brasileiras no assunto, acompanhe o trabalho dos professores do Ibmec nas nossas páginas e redes sociais.