O aumento da expectativa de vida global estimulou a procura por educação financeira para idosos e isso tem surpreendido. Especialmente no Brasil, onde a pirâmide etária está passando por uma transformação marcante, essa parte da população tem se adaptado, e muito bem, às novas perspectivas. Com mais pessoas vivendo mais tempo após a aposentadoria, abordar a importância da educação financeira para os idosos se torna crucial. Essa fase da vida, antes vista predominantemente como um período de descanso, passou a ser encarada como uma oportunidade de continuidade e realização de projetos pessoais. Recentemente, a Universidade Federal de Brasília executou o projeto Vestibular 60+. A ideia da iniciativa pioneira é conscientizar toda a população de que é possível envelhecer realizando sonhos. No entanto, para que essa fase seja aproveitada plenamente e com segurança financeira, é fundamental que os idosos adquiram conhecimentos sobre como gerenciar suas finanças de forma eficaz.
Um pirâmide tal qual o norte do mundo
A pirâmide etária é uma representação sobre como é distribuida a população de um determinado país ou região por faixas etárias e sexo. Nos últimos anos, o Brasil passou por mudanças significativas em sua pirâmide etária. São muitos os fatores que levaram o país a este cenário, desde fatores demográficos à fatores sociais. Bem como, os inúmeros avanços tecnológicos que toda a sociedade passou e vem passando. Historicamente, o país possuía uma pirâmide populacional com uma base ampla, o que significa uma proporção relativamente pequena de idosos. Esse desenho caracteriza-se por uma estrutura populacional jovem, com uma força de trabalho ativa, ou seja, ainda em idade de contribuição laboral. No entanto, ao longo das últimas décadas, observou-se uma redução na taxa de natalidade e um aumento na expectativa de vida. Esse cenário é decorrente por avanços na medicina, acesso a serviços de saúde e melhoria nas condições de vida. Nesse sentido, vale lembrar que o Brasil possui o Sistema Único de Saúde, que atende de forma qualificada e gratuita todo e qualquer cidadão. Sendo assim, os benefícios do avanço na área médica, assim como a atenção básica de saúde para prevenção atende toda a população brasileira sem distinção.
Toda esta conjuntura resultou em um processo de envelhecimento da população brasileira. Tal qual muitos países com economias mais ricas e consolidadas, como no continente europeu e América do Norte. Graficamente falando, a pirâmide etária do país está se transformando gradualmente em uma forma mais retangular. Reduzindo a base e aumentando o topo de forma proporcional que caracteriza aumento da população idosa e redução da população jovem.
Essa transição demográfica tem diversas implicações socioeconômicas. Algumas delas são mudanças nos sistemas de previdência e saúde. Debate que já foi elaborado no Brasil com a reforma da Previdência de 2019/2020. Bem como aumento nas demandas por serviços e políticas específicas para atender às necessidades de uma população mais idosa. Isso inclui uma educação financeira e planejamento para a aposentadoria.
Reforma da Previdência: de olho nas mudanças
Para maior compreensão sobre o cenário de aposentadoria que estamos discorrendo, é importante destacar as principais mudanças vindas com a Reforma. Implementada em 2020, ela trouxe mudanças substanciais nas regras para aposentadoria, com destaque para a introdução de uma idade mínima e tempo de contribuição para homens e mulheres. Uma das principais alterações foi o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. Além da idade mínima, a Reforma da Previdência também exigiu um tempo mínimo de contribuição para aposentadoria – sendo 20 anos para homens e 15 anos para mulheres.
Essas medidas representam uma mudança importante no que tange ao planejamento previdenciário. A Reforma levou muitas pessoas a repensarem os investimentos atuais de forma que no futuro estejam cobertos para a manutenção do bem-estar, da saúde e das condições básicas de sustento.
Educação financeira para idosos: por onde começar a planejar a aposentadoria?
Para quem deseja ter uma aposentadoria confortável, é essencial começar a agir o mais cedo possível. Isso é, ao entrar na vida profissional e ter maior gestão de finanças próprias. Ter essa consciência é parte da educação financeira que deve ser trabalhada com todas as novas gerações.
Nesse sentido, o primeiro passo se dá com a consciência de que é necessário poupar dinheiro desde sempre. Quanto mais cedo você começar a poupar para a aposentadoria, mais tempo seu dinheiro terá para crescer por meio de investimentos. Há alguns anos, era muito comum que os profissionais tivessem esse investimento realizado direto na fonte, ou seja, por meio dos direitos garantidos pela Consolidação das Leis de Trabalho. No entanto, a Reforma Trabalhista também tornou esse processo mais autônomo, e hoje uma grande parcela da população trabalha de forma autônoma ou informal. Essa realidade exige que os profissionais se responsabilizem pela contribuição previdenciária.
Vale ressaltar que essa contribuição precisa estar alinhada com as perspectivas de estilo de vida. Logo, estabeleça metas e trabalhe por objetivos realistas. Lembre-se que é na terceira idade que aumentam gastos de saúde, de cuidado, seja com o idoso ou com as atribuições do lar. E caso queira ser um idoso que desfrute de viagens e lazer, não esqueça de colocar isso na conta.
No que tange ao investimento, é importante diversificar os investimentos. Mas sobretudo, invista e não retenha dinheiro de forma despreparada. Caso necessário, peça auxílio para especialistas, públicos ou privados. Há nos bancos e agências previdenciárias quem possa lhe ajudar a entender melhor o cenário mais favorável para você.
Por fim, não deixe para amanhã a busca por educação financeira. Não importa sua idade, esteja você iniciando sua vida ou já lidando com os desafios dessa etapa. Use e abuse das possibilidades de conhecimento, principalmente de educação financeira para idosos. Atualmente, é possível adquirir muito conhecimento por meio das ferramentas digitais de informação, assim como das iniciativas que visam levar melhor bem estar a esta população.
Afinal, não é só uma questão de estender a expectativa de vida, mas chegar com maior disposição e possibilidades na terceira idade. A velhice não precisa ser sinônimo de desconforto e fim, mas de uma fase de boas e saudáveis experiências. Não foi só a média de idade da população que aumentou, mas também a qualidade de vida. Portanto, planeje-se para usufruí-la.