O comércio com países da América Latina é uma pauta recorrente e um tanto quanto intrigante. Afinal, porque países fronteiriços ou próximos possuem tanta dificuldade de relação? Tal qual o continente europeu e seus muitos acordos de proteção e comércio, por que a América Latina se fortalece como um bloco único? Essa é uma discussão política e empresarial muito relevante para quem debate relações internacionais, e ganhou um forte chamado em evento do G20. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin, reiterou a importância de fortalecer as relações comerciais intrarregionais. No entanto, é preciso compreender quais são as oportunidades e desafios da relação comercial entre os países latino-americanos. Quais são as possíveis estratégias para promover uma maior cooperação e prosperidade mútua? Parte destas respostas está na compreensão de quem são esses países em sua individualidade. Bem como, o que os une e os separa. Vamos entender!
Separados por uma geografia complexa e uma profunda diferença política
É verdade que o senso comum às vezes leva a associar a América Latina aos países da América do Sul. Ou ainda mais, aos países mais próximos geograficamente e economicamente ao Brasil. Entretanto, quando falamos sobre América Latina, estamos tratando sobre 21 países muito heterogêneos. Esses países latino-americanos são diversos e apresentam diferenças culturais, sociais, econômicas e políticas. Cada nação possui sua própria história, tradições, idiomas e características geográficas distintas.
Enquanto alguns são caracterizados por vastas planícies e ricas reservas naturais, outros enfrentam desafios geográficos como montanhas, florestas tropicais e desertos. Para especialistas, esse já é um dos principais pontos desafiadores para a expansão das relações comerciais na região.
Além disso, as disparidades econômicas são evidentes. Algumas nações estão desfrutando de um desenvolvimento mais avançado e uma economia diversificada. Enquanto outras lutam contra a pobreza, a desigualdade social e a instabilidade política. As diferenças políticas também são notáveis, variando desde sistemas democráticos consolidados até regimes autoritários e instáveis. Essa heterogeneidade contribui para uma dinâmica complexa na região. Tais características podem ser desafios ou oportunidades únicas para a cooperação e o desenvolvimento.
Unidos pelo Mercosul: o que o bloco demonstra sobre relações na região
Apesar das conjunturas que não facilitam, uma importante experiência de cooperação é o Mercosul. Embora englobe uma fração muito pequena da América Latina, e até mesmo do sul, trata-se de uma estrutura que favorece as relações.
O Mercosul, abreviação de Mercado Comum do Sul, é uma organização intergovernamental que visa promover a integração econômica e política entre os países sul-americanos. O bloco foi fundado em 1991 para facilitar o comércio e a cooperação entre seus membros, promovendo o livre trânsito de bens, serviços e pessoas dentro da região. Além disso, o bloco busca fortalecer a posição dos países membros no cenário internacional. Atualmente, o bloco é composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, a Venezuela foi suspensa em dezembro de 2016.
As relações entre os países membros do Mercosul são baseadas em acordos e tratados que regulam o comércio e a cooperação em diversas áreas. Isso inclui a redução de tarifas e barreiras comerciais entre os países membros, a coordenação de políticas econômicas e a promoção de investimentos e desenvolvimento regional.
No entanto, é importante notar que o Mercosul enfrentou desafios ao longo dos anos, incluindo diferenças políticas e econômicas entre seus membros. Bem como questões relacionadas à implementação efetiva de acordos e políticas dentro do bloco.
Cenário atual: comércio com países da América Latina
O intento demonstrado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, é uma proposta que circunda objetivos de cooperação internacional. No entanto, as relações comerciais na América Latina enfrentam uma série de desafios e dinâmicas complexas, conforme destacado por especialistas. Em entrevista para o portal Sputnik, o professor de economia do Ibmec, Renan Silva, analisa a importância da ampliação.
Para ele, o Brasil tem potencial de explorar segmentos como tecnologia e indústria. Ele acredita que essa expansão pode ser alcançada tanto dentro do Mercosul quanto com países da América Central, desde que sejam criadas condições favoráveis e um ambiente de negócios mais maduro. Silva ressalta que o Brasil precisa superar suas falhas estruturais, como baixa competitividade e falta de exportação de produtos de maior valor agregado. Outra sugestão é sobre ajustes nos impostos, para elevar a competitividade da indústria nacional.
Logo, o Brasil tem potencial para melhorar sua competitividade industrial e ampliar suas relações comerciais na América Latina, desde que sejam realizadas reformas estruturais e ajustes necessários.
Cooperação latino-américa: uma via possível
Por fim, é evidente que estabelecer e fortalecer relações comerciais entre o Brasil e seus vizinhos na América Latina é crucial para o desenvolvimento econômico e a integração regional. A diversificação das parcerias comerciais e a exploração de novos mercados podem impulsionar a indústria brasileira e aumentar a competitividade no cenário internacional. Mas é fundamental reconhecer que existem numerosos desafios a serem superados. Desde obstáculos estruturais, como a falta de infraestrutura e a complexidade tributária, até questões políticas e econômicas que afetam a estabilidade regional. Assim, é essencial que o Brasil e seus parceiros na região trabalhem em conjunto para enfrentar esses obstáculos e construir um futuro mais interconectado para toda a América Latina.
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