Observatório das Américas – A dualidade de Biden sobre Israel e Hamas

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Por Lucas Rodrigues Azambuja, doutor em sociologia e professor no Ibmec BH.

Segundo dados oficiais da Força de Defesa de Israel, entre os dias 10 e 17 de maio, o Hamas e outros grupos terroristas na Palestina dispararam mais de 3.150 foguetes contra Israel, causando a morte de 10 pessoas. O sistema de defesa israelense (chamado Iron Dome) tem obtido uma taxa média de 90% de interceptações desses foguetes.

Segundo Hamas, o ataque foi uma resposta a agressões das forças policiais israelenses contra palestinos no dia 7 deste mês. Esse confronto ocorreu no complexo da mesquita Al-Aqsa, que fica em lugar sagrado para mulçumanos e judeus, resultando em centenas de feridos.

A resposta do Hamas fere as convenções internacionais, que proíbem o lançamento de foguetes de forma indiscriminada contra áreas civis. E, nesse sentido, a reação de Israel contra essa agressão consistiu em mais de 820 ataques aéreos com mísseis de precisão, resultando na morte de mais de 130 terroristas. O uso de mísseis de precisão se faz necessário, uma vez que o Hamas e outros grupos terroristas instalam seus arsenais e centros de comandos perto de escolas e hospitais, usando a população civil como escudo.

Com algum atraso, o presidente dos EUA deu declarações oficiais apoiando a reação de Israel e condenando os ataques liderados pelos terroristas do Hamas. Também o governo americano mostrou evidencias que o Hamas mantinha escritórios no prédio onde funcionava a agência de notícia, Associated Press. Israel havia atacado e destruído o prédio e, por isso, foi acusada de colocar a vida dos jornalistas em risco. O governo israelense havia respondido que, não somente havia verificado que o prédio havia sido evacuado, como também afirmou que nele funcionavam escritórios do Hamas. A inteligência dos EUA apresentou no mesmo dia evidências que corroboravam com as declarações do governo israelense.

No início de abril deste ano, Biden retomou a ajuda mensal de US$ 200 milhões dos EUA para Palestina, que havia sido cortada pelo ex-presidente Donald Trump, sabendo que boa parte deste dinheiro acaba caindo nas mãos de grupos terroristas como Hamas. Além disso, nas últimas semanas, o governo dos EUA vinha sinalizando para restabelecer o acordo nuclear com o Irã. Agora parlamentares americanos, especialmente republicanos, estão pressionando o governo para interromper essa renegociação haja vista que o Irã apoia o Hamas e fornece para esse e outros grupos terroristas muitos dos foguetes que estão sendo utilizados para atacar Israel. Nesse sentido, a última vez que Israel sofreu um ataque desta magnitude, foi em 2014, justamente no ano em que os EUA, tendo Biden como vice e Obama como presidente, negociavam este mesmo acordo nuclear.

Políticos de esquerda e extrema-esquerda do partido democrata (por exemplo, o senador Bernie Sanders) se recusam a condenar os ataques do Hamas e outros grupos terroristas palestinos. Além disso, acusam Israel de promover genocídio e instaurar um regime de apartheid contra os palestinos. O mesmo discurso tem sido reproduzido por celebridades de esquerda e apoiadoras do governo Biden (como o ator Mark Ruffalo) e organizações de extrema-esquerda como a Antifa – esta última, que foi classificada por Biden como uma “ideia” durante a campanha eleitoral, tem promovido nos EUA protestos violentos apoiando a Palestina e contra Israel, inclusive alguns resultando em agressões contra judeus. Movimentos e comunidades islâmicas nos EUA, França e Inglaterra também têm realizado protestos com slogans exortando a violência contra judeus e a eliminação do Estado de Israel.

Se o conflito entre Israel e grupos terroristas como Hamas continuar e se intensificar, a pressão política sobre Biden irá aumentar em se posicionar em um dos lados da base de apoio do seu governo: os membros partidários e grupos de esquerda que pedem o boicote contra Israel ou os moderados e mais tradicionais que defendem a permanência e apoio dos EUA ao estado israelense.  

Publicado em jornal O TEMPO.

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