Em um momento decisivo para a geopolítica internacional e para a redefinição das estruturas da economia global, o BRICS — aliança entre países emergentes com peso crescente nas relações internacionais — ganha ainda mais relevância. Em 2025, o Brasil assume a presidência rotativa do grupo e sedia a Reunião da Cúpula do BRICS nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, o país se posiciona no centro de um diálogo estratégico sobre futuro, desenvolvimento e transformação.
O que é o BRICS?
Criado formalmente em 2009, o BRICS reúne inicialmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (esta última ingressando em 2010). Trata-se de um dos principais blocos econômicos fora do eixo tradicional de poder, com o objetivo de promover um sistema internacional mais equilibrado, multipolar e colaborativo.
A aliança reflete a crescente influência de países emergentes que buscam alternativas às estruturas de governança dominadas por países desenvolvidos. A sigla passou por uma transformação em 2023 com a expansão do grupo, incluindo Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, ampliando seu peso político, demográfico e econômico.
Com essa nova composição, o BRICS representa, aproximadamente:
- 45% da população mundial;
- Mais de 36% do PIB global (dados do FMI);
- Cerca de 1/3 do comércio global em circulação de bens e serviços.
A presidência brasileira do BRICS em 2025
A liderança do Brasil neste ciclo traz consigo uma agenda que busca articular os interesses do Sul Global, promovendo uma governança internacional mais inclusiva, sustentável e orientada ao desenvolvimento. O lema da presidência — “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável” — reflete esse compromisso com a transformação estrutural e com soluções multilaterais para desafios globais.
Encontros como a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo são importantes, pois envolvem representantes governamentais, empresariais, acadêmicos e da sociedade civil, promovendo debates estratégicos e acordos de cooperação.
Temas prioritários da Cúpula do BRICS 2025
Durante a presidência brasileira, alguns dos principais eixos de discussão serão:
1. Reforma da governança global
O Brasil defende uma reforma de instituições como a ONU, o Conselho de Segurança e o FMI, com foco em mais representatividade para países em desenvolvimento.
2. Fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)
Também conhecido como Banco do BRICS, o NDB financia projetos de infraestrutura, transição energética e inovação tecnológica nos países membros.
3. Ampliação da cooperação econômica
A intenção é promover uma maior integração comercial entre os países do bloco, com foco em moedas locais, redução de barreiras comerciais e acordos bilaterais e multilaterais.
4. Ciência, tecnologia e inovação
Avanços em inteligência artificial, transformação digital, bioeconomia e transição energética justa estão entre as prioridades da agenda técnica.
5. Segurança alimentar e energética
Questões como o acesso sustentável a alimentos e energia serão abordadas com foco em estratégias colaborativas, em especial frente às crises climáticas e geopolíticas recentes.
Oportunidades para o Brasil e para profissionais do comércio exterior
A presidência do BRICS projeta o Brasil como uma liderança ativa na construção de um sistema internacional mais equilibrado. Esse protagonismo gera benefícios tangíveis para a economia nacional, empresas exportadoras e profissionais que atuam com comércio exterior, relações internacionais e negócios globais.
Entre os principais ganhos, destacam-se:
- Maior acesso a mercados estratégicos de economias emergentes e regiões-chave da Ásia, África e Oriente Médio;
- Estímulo à diversificação da pauta exportadora brasileira, especialmente em energia, alimentos, tecnologia e serviços;
- Financiamento de projetos por meio do Banco do BRICS, com foco em infraestrutura logística e transição digital;
- Redução da dependência de moedas como o dólar e o euro em transações comerciais multilaterais;
- Criação de redes de cooperação científica, tecnológica e educacional com os países membros.
Para os profissionais de comércio exterior, essa conjuntura representa um ambiente dinâmico, em expansão e com alta demanda por talentos com visão internacional, fluência em negociações multilaterais e domínio técnico de logística, economia e política global.
Por que o BRICS é estratégico para o futuro?
Mais do que um bloco econômico, o BRICS é uma plataforma para transformação global, oferecendo aos seus membros instrumentos para influenciar decisões internacionais, fomentar o desenvolvimento econômico inclusivo e equilibrar a hegemonia geopolítica vigente.
Para o Brasil, a liderança do BRICS:
- Consolida sua posição como potência regional e global;
- Estimula a formação de uma nova ordem internacional mais cooperativa e representativa;
- Abre espaço para que o país seja protagonista em agendas como sustentabilidade, inovação, comércio justo e diplomacia multilateral.
O BRICS 2025 não é apenas uma cúpula diplomática, mas uma oportunidade histórica para o Brasil exercer liderança global com propósito. Ao investir em cooperação internacional, o país se posiciona como um agente transformador das estruturas de poder e do próprio modelo de desenvolvimento econômico internacional.
Para quem atua com comércio exterior, relações internacionais ou busca um papel de impacto no cenário global, acompanhar e se engajar com os desdobramentos do BRICS é essencial. O mundo está se reconfigurando e o Brasil está no centro dessa transformação.