Too little too late?

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Por Mario Schettino, professor do Ibmec BH e João Gabriel Baldo, aluno do Ibmec BH.

A opinião pública sobre economia é central na corrida presidencial americana. Mesmo a 13 dias do encerramento, os candidatos possuem margem de ação para convencer os eleitores sobre suas capacidades de conduzir o país nos próximos quatro anos. Contudo, precisam atuar sobre posições consolidadas construídas pelo concorrente nos últimos meses.

Em janeiro de 2020, Donald Trump tinha o desempenho econômico dos Estados Unidos como trunfo para conseguir a reeleição, com níveis de desemprego abaixo de 4,5% e PIB crescente desde o primeiro ano de seu mandato.

Entretanto, como sabemos, a pandemia causada pela Covid-19 destroçou a economia. O PIB norte-americano no segundo trimestre de 2020 retornou aos valores do terceiro trimestre de 2017, um recuo de 10% em comparação com o primeiro trimestre de 2020. As despesas de consumo das famílias atingiram, no segundo trimestre deste ano, o menor valor desde 2017. O desemprego, por sua vez, aumentou para cerca de 15% em abril, e, embora tenha se recuperado, encontra-se acima de 7%.

Conforme mostraram os relatórios da Morning Consult, de janeiro a outubro, a imagem de Trump se deteriorou até o mês de agosto entre republicanos, democratas e independentes. Essa dinâmica ocorreu em relação à aprovação do presidente e de sua condução sobre a pandemia.

Mesmo com uma situação econômica desfavorável, a confiança em relação à liderança republicana na área permaneceu estável. A recuperação da imagem de Trump está ocorrendo desde setembro, no período mais intenso da corrida eleitoral. Talvez seja tarde demais.

As dificuldades de Trump advêm do crescimento das percepções positivas sobre Joe Biden, que, desde o início do ano, tem conquistado incrementos pequenos, porém constantes, em parcelas estratégicas do eleitorado, entre independentes e até mesmo republicanos.

Nesses segmentos, a percepção positiva sobre Biden em relação à capacidade de controle do coronavírus superou os 50%, como também aumentou em temas relacionados à economia, colocando-o em patamares semelhantes aos de Trump.

Esse avanço positivo da imagem de Biden sobre todo o eleitorado permitiu ao candidato democrata chegar às últimas semanas da corrida em uma situação mais favorável do que Hillary Clinton em 2016.

Biden apresenta uma posição estável, com mais de 50% das intenções entre os votantes e uma vantagem de 9 pontos perncentuais em relação a Trump, o que não havia acontecido com Clinton.

Além disso, Biden parece ter consolidado sua liderança em alguns estados centrais, como Pensilvânia, Wisconsin e Michigan, que juntos representam 17% dos 270 votos necessários para ser eleito pelo colégio eleitoral e onde Trump venceu em 2016 por margens inferiores a 1 ponto percentual.

Em 2016, a vitória de Trump foi surpreendente. Suas chances eram de, aproximadamente, 25%. Atualmente, os modelos de previsão – ajustados frente às transformações que se verificaram em 2016 e, portanto, potencialmente mais precisos – indicam que as probabilidades de vitória para Trump são próximas de 12%.

Para termos ideia do que esses números indicam, se pegarmos uma moeda, as chances de Trump vencer em 2016 eram as mesmas de lançar essa moeda para o alto duas vezes e ela cair em coroa nas duas vezes.

Já para o cenário deste ano, as chances de sua reeleição são próximas de lançar essa moeda três vezes para o alto e ela cair em coroa nessas três vezes. Quem estiver curioso pode testar. É uma situação difícil, mas não é improvável.

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