O mundo está mudando e cada vez mais rápido. Passamos a pensar mais sério no futuro da educação, da saúde, do trabalho. São mudanças sociais, mudanças geracionais, de interpretação do mundo que sempre ocorreram e continuarão a ocorrer. No entanto, a modernidade trouxe um aspecto temporal muito mais intenso para essas novas formas de viver em sociedade. Da mesma forma, as mudanças tecnológicas têm sido cada vez mais abruptas, abundantes e surpreendentes. Cada dia que passa, vamos vendo os recursos tecnológicos cada vez mais eficientes e participantes do nosso cotidiano. E inevitavelmente a Educação é muito impactada com isso. Samuel de Barros, Reitor do Ibmec Rio de Janeiro, fala sobre essas perspectivas de mudanças, sobretudo com a chegada da Inteligência Artificial.
O que tem de verdadeiramente novo na educação?
O fenômeno mais recente observado é a aplicação das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) em diversos âmbitos. Não seria diferente para a educação. Naturalmente já se espera e se vê resistência por parte de diversos educadores. Afinal, por mais que a mudança seja um fenômeno comum à vida humana, os humanos são resistentes a elas. No entanto, Samuel de Barros ressalta que tudo isso é uma grande oportunidade evolutiva.
“Vejo esse fenômeno com outro prisma, vejo como possiblidades. Sabemos que o principal objetivo das tecnologias de IA é o desenvolvimento de dispositivos capazes de simular as capacidades humanas relacionadas à percepção, tomada de decisão lógico, raciocínio, solução de problemas etc. Assim, a IA pode trazer diversos benefícios para alunos, professores e gestores de ensino.”
Se fizermos um exercício de pensar uma situação de inclusão, por exemplo, vamos perceber que a IA pode ser uma verdadeira aliada. Aliás, promover o acesso amplo e igualitário de todas as pessoas à educação ainda é um enorme desafio. Mas talvez poder contar com tecnologias apropriadas ajudará tanto quem busca conhecimento, como quem o cede. No caso da inclusão, um aluno com algum nível de deficiência pode, por meio de recursos de realidade virtual, conseguir facilitar seu aprendizado. Alguns recursos como reconhecimento de voz, tradução automática e outros métodos de comunicação atuam como facilitadores de acesso à educação.
A IA pode adaptar as perspectivas de aprendizado aos sistemas representacionais mais fortes do aluno, potencializando o aprendizado. Podemos pensar na eliminação de fronteiras geográficas e de conhecimento. Com a IA podemos consultar de forma rápida e contrapor ideias de maneira simples. Tudo isso facilita a construção de cenários.
Como os professores podem usar a IA para refletir o futuro da educação
Para o professor, a IA pode reduzir o tempo em processos pedagógicos repetitivos. Algumas tarefas que podem ser otimizadas são lançar presença, gerir o aluno em sala, gerir de entrega de trabalhos e exercícios. Metodologias como provas e correções de atividades também podem ser automatizadas. Se formos pensar na visão do gestor da educação, a IA é uma grande parceira. Existe a possibilidade de criação de dashboards de acompanhamento de atividades. Monitorar desempenhos (acadêmicos, operacionais e etc) é um recurso que ajuda no trabalho de planejamento estratégico de ensino e aprendizagem. Dessa forma, com dados levantados, gestores da educação podem dedicar seu tempo à tomada de decisões com base em evidências. Tudo isso torna o processo muito mais dinâmico e efetivo.
Mas para que tudo isso seja possível, nós, educadores e gestores temos que estar preparados. Precisamos pensar nas aplicações de forma ética, sustentável e segura, sempre observando os valores humanos e sociais.
Quais passos se desenham daqui para frente?
Por esse prisma, o reitor do Ibmec Rio de Janeiro, Samuel de Barros acredita ser necessário garantir a capacitação de professores. É necessário reforçar as capacidades pedagógicas, criativas e colaborativas para que a IA não, meramente, os substitua. Afinal, a Inteligência Artificial nunca será humana, e esta é uma das grandes chaves do futuro.
Torna-se essencial elaborar novos modelos educacionais que acompanhem o seu tempo. Isto é, que integrem a IA no desenvolvimento das aulas, dos alunos e dos recursos de aprendizagem, permitindo até uma aprendizagem mais personalizada. Preparar uma geração de profissionais com pensamento mais crítico, que sintam-se mais estimulados a resolver problemas com criatividade e cooperação. É sobre perder menos tempo com as chamadas tarefas chatas e burocráticas, e garantir uma convivência produtiva com a IA.
Sem soluções mágicas, há muito o que se aprender
Por fim, não adianta tentar evitar a evolução. Principalmente enquanto ainda estamos tentando promover um ambiente mais equitativo e inclusivo. O futuro da educação que sonhamos deve enxergar a IA como uma ferramenta. Um recurso a mais capaz de catalisar transformações que há muitos anos estamos sonhando. É necessário retirar barreiras de deficiência, status sociais e econômicos, etnias, culturais e etc. Ou seja, é focar na educação de qualidade por meio do amplo acesso a tudo que vem surgindo.
Seja a IA ou qualquer outra novidade na nossa sociedade, não podemos criar resistências intransigentes. Ela está acontecendo na frente dos nossos olhos e nos cabe buscar a melhor aplicação possível. O indispensável é o respeito às pessoas, aos profissionais e à sociedade.
Nas palavras do reitor do IBMEC, “vamos ter os olhos atentos e nos preparar para as adaptações necessárias para evolução da educação”. A IA pode e será uma grande aliada no desenvolvimento social e humano. E há uma verdade incontestável, a educação sempre será um pilar fundamental do desenvolvimento da sociedade. Mas para tudo isso acontecer com êxito será necessário o uso responsável, ético, com qualidade e com propósito sobre a tecnologia.